O Instituto Butantan afirma ter entregado nesta terça-feira (23) ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, 1,2 milhão de doses da CoronaVac para distribuição aos Estados. Já a pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello afirma não ter recebido o lote.
Mais cedo, o governador de São Paulo, João Doria, havia anunciado o início do envio das novas remessas da vacina contra a covid-19. No total, segundo o tucano, serão 5,6 milhões de doses no período entre 5 de fevereiro e 5 de março, 65% acima do volume previsto inicialmente.
— O Instituto Butantan hoje lidera a distribuição de vacinas no país. O Brasil vai receber, até 30 de abril, 46 milhões de doses da vacina e, até 30 de agosto, mais 54 milhões de doses da vacina do Butantan. Até 30 de agosto, nós teremos entregue 100 milhões de doses da vacina do Butantan — disse Doria, em entrevista coletiva.
Além do lote de 1,2 milhão de doses que o Butantan afirma ter enviado ao PNI nesta terça, o instituto afirma que entregará mais 900 mil frascos da vacina na quarta (24). Para os dias 25, 26 e 28 de fevereiro, ainda estão previstas liberações de 600 mil doses diárias. Ou seja, no total, o Butantan afirma que fornecerá, em fevereiro, 3,9 milhões de doses ao PNI.
No início de março, o instituto adianta que vai disponibilizar mais 1,7 milhão de vacinas, com remessas de 600 mil doses no dia 2, de 500 mil no dia 4 e outras 600 mil no dia 5, num total de 5,6 milhões no período. Em 5 de fevereiro, o Butantan já havia distribuído 1,1 milhão de doses.
Em nota enviada a GZH, o Ministério da Saúde afirma “que aguarda, conforme previsto em contrato, a oficialização do Instituto Butantan da entrega das doses da CoronaVac produzidas pelo laboratório. A pasta espera, ainda, receber o quanto antes o cronograma atualizado de envio desses imunizantes — definida no acordo comercial e pedida reiteradamente por ofício — a fim de que se possa preparar a distribuição da vacina aos Estados”.
Após a divulgação dessa nota pelo Ministério da Saúde, GZH pediu nova manifestação do Butantan, que enviou o seguinte posicionamento:
“É uma contradição que o Ministério — que não providenciou nem 1% das vacinas que prometeu de outros fornecedores — cobre justamente o Butantan em vez de fazer a sua parte como gestor do SUS nacional, que é coordenar o programa de imunizações e garantir vacinas suficientes para todos. O Butantan aguarda ansiosamente que o Ministério da Saúde cumpra o prometido ao povo brasileiro e também envie aos Estados doses de outras vacinas para que seja possível imunizar o mais rapidamente toda a população do país. O instituto já enviou 11 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus para o Programa Nacional de Imunizações e até 5 de março enviará outras 4,4 milhões. Até 30 de abril serão entregues 46 milhões de doses. É lamentável que, mais uma vez, o Ministério da Saúde tenta transferir a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento ao Instituto Butantan, seu principal fornecedor de vacinas contra o novo coronavírus até o momento”.
Com essa indefinição, o Ministério da Saúde ainda não informa prazo nem quantidade de vacinas a serem enviadas aos Estados. A secretária de saúde Arita Bergmann, entretanto, afirmou ao programa Estúdio Gaúcha que espera 200 mil doses nos próximos dias.