Uma pesquisa aponta que aumentou a presença de coronavírus na rede de esgoto de Porto Alegre e da Região Metropolitana em outubro frente a setembro. Os resultados foram divulgados na segunda-feira (9) pela Secretaria Estadual da Saúde (SES).
A pesquisa, feita por Feevale, governo do Estado, prefeituras e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), busca antever tendências da pandemia, uma vez que identifica a circulação do vírus na população assintomática ou que ainda não tenha ido se consultar. A coleta ocorre desde maio em arroios, rios e esgotos.
A Estação de Tratamento de Esgoto da Serraria, na Zona Sul, que atende sozinha 50% da capital gaúcha, apresentou "aumento progressivo da carga viral nas últimas quatro semanas de monitoramento (mês de outubro)", segundo boletim da SES.
O monitoramento também apontou aumento da presença de coronavírus no esgoto de Alvorada, Gravataí e São Leopoldo. A partir dessa verificação, fica demonstrada uma tendência de crescimento no número de casos de covid-19 na região.
Ainda conforme o boletim do governo do Estado, "os resultados que, no último boletim (referente a setembro), apresentavam uma tendência de desaceleração no ritmo de crescimento de casos, agora começam a apontar um possível aumento da disseminação do vírus novamente".
Os resultados não permitem inferir se Porto Alegre enfrentará uma segunda onda, mas as análises de meses anteriores casaram com o desenrolar da pandemia posteriormente, afirma Caroline Rigotto, professora do Mestrado em Virologia da Feevale e uma das coordenadoras da pesquisa.
— O decréscimo nas cidades da Região Metropolitana foi referente a setembro. Em outubro, só vemos tendência de aceleração. Quando se viu, no ambiente, tendência de queda ou de aumento, isso depois se comprovou em todos os países do mundo que usam essa ferramenta de análise. Na Inglaterra, antes de começar uma segunda onda, a análise de esgoto havia mostrado uma aceleração — pontua.
Após a divulgação do boletim, o monitoramento seguiu sendo feito e, na primeira semana de novembro, a situação piorou: os pesquisadores encontraram 1,42 milhão de cópias genômicas de coronavírus por litro de esgoto na estação da Serraria, patamar próximo ao encontrado na primeira semana de setembro, com 1,7 milhão de cópias genômicas do vírus, observa Aline Campos, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental da Secretaria Estadual da Saúde.
— A maior carga viral que já encontramos (no esgoto) em Porto Alegre foi na primeira semana de setembro, quando teve aumento muito grande de casos. Na semana passada, subiu bastante a carga viral da amostra na Estação de Tratamento de Esgoto Serraria, mas não chegamos aos mesmos patamares de setembro — observa.
Aline acrescenta que não é possível dizer, com base no estudo, se Porto Alegre enfrentará uma segunda onda de coronavírus ou quando, porque há outros fatores a serem levados em conta para o andamento da pandemia.
— É muito cedo para falar de segunda onda. Outros fatores devem ser levados em consideração. O que posso dizer é que aumentou a carga viral no esgoto e aumentou a proporção de resultados positivos dentre os testes que chegam ao Lacen (Laboratório Central do Estado) — acrescenta a chefe da Divisão de Vigilância Ambiental.
A maior presença de vírus a partir da segunda quinzena de outubro conversa com as estatísticas da pandemia na Capital. Dados da Secretaria da Saúde de Porto Alegre mostram que o ritmo de novos casos na cidade passou por um período de queda na primeira quinzena de outubro e aumentou na segunda quinzena.