A Moderna anunciou nesta segunda-feira (30) que protocolou na Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos pedido formal para uso emergencial da vacina que desenvolve contra o coronavírus. Segundo a farmacêutica, os dados dos estudos clínicos foram enviados para a análise do órgão, que irá decidir se o imunizador pode ser aplicado na população americana. Mais cedo nesta segunda, a empresa havia informado que a fórmula teve 94,1% de eficácia na prevenção da doença.
A empresa se junta, portanto, à americana Pfizer e seu parceiro alemão, BioNTech, que na semana passada solicitaram uma aprovação semelhante para sua vacina e preveem a luz verde nos Estados Unidos para vacinação a partir de 10 de dezembro.
Quanto à Moderna, a esperança de uma primeira rodada de vacinação contra a covid-19 antes do fim de 2020 foi reforçada pelo laboratório. Se o FDA confirmar que o produto é seguro e eficaz, a primeira das duas doses da vacina poderia ser administrada a milhões de americanos em meados de dezembro.
— Acreditamos que nossa vacina proporcionará uma nova e poderosa ferramenta que pode mudar o curso desta pandemia — afirmou o CEO da Moderna, Stephane Bancel.
O secretário de Saúde dos EUA, Alex Azar, também está otimista. Ele disse à CBS News que as vacinas da Pfizer e da Moderna poderiam chegar à parte da população "antes do Natal".
O produto da Moderna está sendo estudado em um ensaio clínico com mais de 30 mil participantes nos Estados Unidos. A expectativa da empresa é ter cerca de 20 milhões de doses da vacina, chamada de mRNA-1273, disponíveis nos EUA até o final do ano. E, em 2021, espera fabricar entre 500 milhões e 1 bilhão de doses em nível global.
Mas, para ter sucesso, as vacinas terão que superar a desinformação e a desconfiança, alertou o presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Francesco Rocca, nesta segunda.
— De acordo com um estudo recente da Universidade Johns Hopkins em 67 países, a aceitação de uma vacina diminuiu significativamente na maioria dos países entre julho e outubro — disse Rocca.
Motivos de preocupação
A esperança suscitada pelas vacinas contrasta com a preocupação causada pela expansão de uma pandemia que, segundo balanço da AFP, deixou mais de 1,46 milhão de mortes e cerca de 62,8 milhões de infecções em todo o mundo.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta nesta segunda sobre a rápida disseminação da covid-19 no Brasil e no México, durante coletiva de imprensa em Genebra (Suíça).
Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, com mais de 267 mil mortes pela covid-19, o imunologista Anthony Fauci, assessor da Casa Branca na pandemia, express ou seus temores depois que milhões de pessoas se deslocaram pelo país no Dia de Ação de Graças.
— É possível que vejamos como um novo aumento (de contágios) se soma ao aumento que já estamos vivendo em duas ou três semanas — alertou Fauci, na CNN. — Não queremos assustar as pessoas, mas esta é a realidade.
A situação no estado de Nova York, que foi um dos epicentros da pandemia no país, continua precária. O governador Andrew Cuomo expressou preocupação com a sobrecarga do sistema hospitalar e alertou que um novo confinamento pode ser necessário.
Mais de 93 mil pessoas estão hospitalizadas nos EUA por causa do coronavírus, de acordo com a plataforma Covid Tracking Project, que reúne dados públicos. Na América Latina e no Caribe, região onde o vírus é mais mortal, já ocorreram 12.968.821 infecções e mais de 446.732 mortes.
A Europa, por sua vez, continua a lutar para reduzir o número diário de mortes e contágios com uma variedade de fórmulas depois que as mortes atingiram 400 mil neste fim de semana.