O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta segunda-feira (30) para a rápida disseminação da covid-19 no Brasil e no México, pedindo às autoridades de ambos os países para levá-la "muito a sério".
"Acho que o Brasil deveria levar muito, muito a sério. É muito, muito preocupante", ressaltou Tedros Adhanom Ghebreyesus sobre a evolução da covid-19 no país sul-americano, cujo presidente, Jair Bolsonaro, nega a gravidade desta doença e na semana passada anunciou que não se vacinará.
Durante a entrevista coletiva quinzenal que a agência dedica à pandemia, em Genebra, o diretor da OMS fez o mesmo alerta em relação ao México, que, segundo ele, está "em péssima situação".
"O número de casos e mortes dobrou", declarou com preocupação, antes de insistir: "Queremos pedir ao México que leve isso muito a sério".
O Brasil, que tem 211,8 milhões de habitantes, é o segundo país mais enlutado pela pandemia, com mais de 170 mil mortes, atrás dos Estados Unidos, segundo a Universidade Johns Hopkins.
- "Não vou tomar" -
O diretor-geral da OMS destacou que o Brasil conseguiu reduzir o número de casos em quase dois terços desde o pico da pandemia, em julho, com 114 mil casos na semana de 2 de novembro.
Mas "durante a semana de 26 de novembro, chegou novamente a 218 mil por semana", frisou.
"Se considerarmos o número de mortos na semana de 2 de novembro, são 2.538 e agora estamos em 3.876", continuou ele.
O presidente brasileiro é criticado pela forma como gerencia a pandemia, minimizando sua gravidade e se opondo à restrição das atividades econômicas.
O próprio Bolsonaro, de 65 anos, superou a doença em julho após se infectar com o coronavírus e aproveitou para reafirmar sua indicação da hidroxicloroquina, cuja eficácia não tem comprovação científica.
"Eu digo para vocês, eu não vou tomar", afirmou o presidente na quinta-feira, respondendo à pergunta sobre se será vacinado.
O México, por sua vez, ultrapassou o limite das 100.000 mortes em 20 de novembro e, oito dias depois, ultrapassou os 12.000 casos diários pela primeira vez desde o início da pandemia.
Na Cidade do México, os casos aumentaram 30% na semana de 23 a 28 de novembro, segundo dados oficiais.
- "Nos basearemos na ciência" -
Por outro lado, o diretor da OMS prometeu nesta segunda-feira que fará tudo o possível para esclarecer a origem do coronavírus, rejeitando as acusações de que a agência da ONU é muito complacente com a China.
"Queremos saber a origem e faremos tudo o possível para conhecê-la", prometeu Ghebreyesus, cuja agência espera enviar rapidamente uma equipe científica internacional à cidade chinesa de Wuhan, considerada a origem da pandemia.
"Não há nada a esconder", assegurou. "A posição da OMS é muito, muito clara: devemos saber a origem deste vírus, pois pode nos ajudar a prevenir futuras epidemias", acrescentou.
Ghebreyesus observou que esta se trata de uma "questão técnica" e lamentou que alguns a tenham "politizado".
Os Estados Unidos, o país mais atingido pela pandemia com mais de 262.000 mortes, acusaram publicamente Pequim de esconder informações e, por sua vez, a OMS de se submeter à vontade das autoridades chinesas.
Outros Estados-membros, embora menos críticos, acreditam que a China desacelerou o processo.
"Não vamos deixar de buscar a verdade sobre a origem do vírus, mas nos basearemos na ciência", insistiu o diretor da OMS.
Embora os cientistas geralmente acreditem que o hospedeiro original do vírus seja um morcego, o animal intermediário que o permitiu infectar humanos é desconhecido.
* AFP