Desembarcaram em Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira (3), as esperadas doses da vacina experimental chinesa que será testada no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (HSL-PUCRS). Os imunizantes contra o coronavírus, vindos do Instituto Butantan, em São Paulo, chegaram às 14h20min na casa de saúde.
Ainda com as inscrições abertas para voluntários que desejam participar da terceira fase do estudo da chamada CoronaVac, os testes no HSL têm previsão de começar na próxima semana. Serão 850 voluntários que receberão duas doses da vacina ou do placebo. Após o início das aplicações, o hospital tem 60 dias para concluir a vacinação.
— Desde o início da pandemia, todo mundo ficou muito preocupado. É uma luz no fim do túnel, é uma saída. Imaginamos que o desfecho positivo mais provável para essa situação do coronavírus seja pela vacinação. Essa chegada das doses é um marco. Passa a ser físico, a gente pode tocar nela — disse Saulo Bornhorst, diretor técnico do HSL.
Por questões de segurança, as doses são enviadas em diversos lotes — tanto as vacinas experimentais quanto os placebos. Portanto, o HSL não sabe precisar a quantidade exata de material que foi recebido hoje.
A testagem
Para aplicar as doses, equipes do HSL serão treinadas pelos profissionais do Butantan, pois o estudo precisa seguir uma série de regramentos.
— Não é como estamos acostumados: chegar e se vacinar. A pesquisa tem um protocolo de preenchimento de dados. Os voluntários preencherão um formulário, tem o termo de responsabilidade — explica Bornhorst.
Ao todo, cada voluntário receberá duas doses com intervalo de 15 dias entre elas. Nesse período e após as aplicações, todos serão acompanhados pelo grupo de pesquisa, que conta com médicos e outros profissionais da saúde.
O estudo
A pesquisa que testa a eficácia e a segurança das doses está sendo coordenada pelo Instituto Butantan e tem estimativa de ser concluída entre o final de outubro e o início de novembro. Participarão 9 mil voluntários, distribuídos em 12 centros de todo o Brasil. O ensaio clínico é do tipo randomizado e duplo-cego, ou seja, tanto o voluntário quanto o aplicador não sabem qual dose está sendo administrada — placebo ou vacina.
O primeiro local a iniciar a aplicação foi o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), no último dia 21. Já na última semana, estavam previstos os testes no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, no HC da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, na Universidade Municipal de São Caetano do Sul e no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).