A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou neste sábado (4) que vai abandonar os estudos com hidroxicloroquina e os antivirais lopinavir e ritonavir para tratamento de covid-19, a doença causada pelo coronavírus (Sars-Cov-2).
De acordo com a entidade, os experimentos com os antivirais mostraram que não há eficácia no uso destes remédios, quando seu desempenho é comparado com o procedimento padrão de tratamento. Quanto à hidroxicloroquina, os resultados preliminares do estudo mostram que o medicamento provoca pouca ou nenhuma redução na mortalidade desses pacientes quando comparados ao atendimento médico padrão.
A paralisação dos experimentos foi recomendada pelo comitê diretor do Solidarity, programa coordenado pela OMS em 21 países, com mais de 5 mil pacientes hospitalizados, com o objetivo de encontrar um tratamento eficaz para casos mais sérios de covid-19.
Os dois antivirais haviam sido incluídos no estudo por já terem sido licenciadas para o tratamento de pacientes com HIV. Mas as análises provisórias mostraram que, assim como a hidroxicloroquina, lopinavir e ritonavir produzem pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com coronavírus hospitalizados, quando comparados ao padrão de atendimento Também não houve evidências fortes de que esses medicamentos aumentem a mortalidade, segundo a OMS.
Segundo comunicado da entidade, o estudo britânico Discovery, que faz parte do Solidarity, encontrou alguns dados relacionados à segurança das substâncias, que serão publicados depois de revisados por outros cientistas.
"Esta decisão se aplica apenas à condução do estudo Solidarity em pacientes hospitalizados e não afeta a possível avaliação em outros estudos de hidroxicloroquina ou lopinavir/ritonavir em pacientes não hospitalizados ou como profilaxia pré ou pós-exposição para Covid-19", afirma o texto
Os resultados provisórios do Solidarity estão agora sendo preparados para publicação revisada por pares. A entidade afirma que, até que haja evidências suficientes, não é recomendado o uso desses tratamentos para nenhum paciente de covid-19: "A OMS está preocupada com relatos de indivíduos que se automedicam com cloroquina, o que pode causar sérios danos".
A hidroxicloroquina fazia parte de uma lista iniciais de substâncias que seriam testadas pelo Solidarity, mas não chegou a entrar nos experimentos, pois os cientistas julgaram que não tinha potencial terapêutico suficiente para participar do estudo. Apesar das contra-indicações e de críticas de médicos e cientistas, o governo federal brasileiro continua permitindo o uso de cloroquina e hidroxicloroquina.
Os testes continuam com as substâncias remdesivir, e, até as 16h deste sábado, a OMS não havia confirmado se seria mantido o braço de experimento com lopinavir/ritonavir em combinação com Interferon beta-1a.
O remdesivir, que já recebeu autorização da agência de saúde americana para tratamento de casos graves de covid-19, foi previamente testado como tratamento contra o vírus ebola e gerou resultados promissores em estudos com animais para Síndrome Respiratória no Oriente Médio (Mers-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que também são causadas por coronavírus.
Estudos nos Estados Unidos mostraram resultados positivos no tratamento de covid-19. Seu fabricante, o laboratório Gilead Sciences, abriu a patente do medicamento para facilitar o acesso em 127 países.
O interferon beta-1a é utilizado no tratamento da esclerose múltipla.