Primeiro paciente a receber alta após tratamento com plasma convalescente no Hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul, o vendedor Carlos da Silva Borges, 41 anos, afirma que começou a se sentir "mais forte" no dia seguinte à transfusão. Ele ficou sete dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para combater a covid-19 e, na tarde desta sexta-feira (3), contou ao Gaúcha +, da Rádio Gaúcha, como foi o período de internação e como está sendo a recuperação em casa.
— Não estou 100%, mas estou me recuperando. Essa recuperação é lenta, demora um pouco para voltar ao normal — afirmou.
Mesmo com as medidas de prevenção, o caxiense acredita ter contraído o vírus de um colega de serviço, que também testou positivo. Ele contou que, apesar de não fazer parte do grupo de risco, sentiu sintomas bem intensos:
— Peguei uma gripe e essa gripe não melhorou, achei muito estranho ter bastante dor de cabeça e não sentir o gosto das coisas, perdi o paladar. Aí eu procurei o pronto-atendimento e fui diagnosticado com a covid-19. Eu não conseguia respirar, parecia que tinha alguém que segurava meu pulmão.
O quadro de Borges se agravou e ele foi transferido para o Hospital Virvi Ramos. Já na UTI, foi informado sobre o tratamento com o plasma convalescente e aceitou fazer. O caxiense disse que ficou consciente durante todo o período de internação e que, no dia seguinte ao transplante, já começou a sentir uma leve melhora.
— Cheguei na UTI no domingo à noite e no outro dia de manhã eu já recebi o plasma. Na terça-feira, comecei a me sentir melhor, a me sentir mais forte, a reagir. Mas, na situação que eu estava, pensei que não iria sair, estava muito debilitado e pensei que se eu fosse para os aparelhos, iria morrer — relatou.
Ouça a entrevista
Questionado sobre quais lembranças levará desse período, Borges afirmou que, após a internação, começou a valorizar coisas simples do dia a dia, como poder caminhar, conversar e ficar perto da família e dos amigos. Durante as semanas que passou no hospital, fazia chamadas de vídeo com os familiares.
Ele conta ainda que pode ver o drama dos profissionais da saúde e o sofrimento dos familiares. Ao final da entrevista, Borges pediu para que as pessoas levem a doença a sério e valorizem o trabalho dos profissionais da linha de frente.
— Eu não desejo isso para ninguém e espero que o pessoal faça o distanciamento e leve a sério, evitando aglomerações, utilizando máscara e álcool gel — concluiu.