Em uma postagem no Twitter, o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que toma ivermectina como forma de se prevenir do coronavírus. No tuíte, que está indisponível por violar as regras da rede social, Jefferson sugeria uma dosagem do medicamento e ainda indicava a compra em farmácias de manipulação porque "ele deu uma sumida das farmácias", escreveu.
No bulário disponibilizado no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), consta que a ivermectina é indicada para tratamento de males causados por vermes ou parasitas, como sarna, lombriga e piolho, por exemplo.
— Seu uso para tratamento da covid-19 está sendo embasado em estudos in vitro e na clínica médica, não sendo possível, no momento, confirmar cientificamente a sua indicação para o combate do coronavírus. No entanto, há relatos do seu uso clínico relacionado a bons prognósticos, o que tem ganhado força no meio médico, fazendo com que aumentasse a sua procura nas farmácias — justifica Tarso Bortolini, vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do RS (CRFRS).
Ainda que tenha apresentado tais resultados in vitro, o uso preventivo não tem evidências, completa Bortolini:
— O tratamento profilático não aparenta um amadurecimento nem na clínica médica para podermos emitir alguma opinião. O seu uso para o combate da covid-19 é off label (cuja indicação de utilização diverge do que consta na bula) e deve ter o crivo médico para ser ou não realizado.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia publicou, em 29 de junho, um posicionamento sobre tratamento e profilaxia de coronavírus. A entidade destacou que "não existem evidências científicas de que quaisquer das medicações disponíveis no Brasil, tais como ivermectina, cloroquina ou hidroxicloroquina, isoladas ou associadamente, colaborem para melhor evolução clínica dos casos. Isso também é verdade para vitaminas, como, por exemplo, a C e a D, e suplementos alimentares contendo zinco ou outros nutrientes”. E completou dizendo que “redes sociais não são textos médicos e, com frequência, transmitem informações infundadas, impulsionadas por interesses obscuros”.
Da mesma forma, a Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu, no último dia 30, um informe sobre os medicamentos usados contra a covid-19. No texto, menciona a atividade da ivermectina em testes in vitro e acrescenta que "muitos dos medicamentos que demonstraram ação antiviral in vitro (no laboratório) não tiveram o mesmo benefício in vivo (em seres humanos). Só estudos clínicos permitirão definir seu benefício e segurança na covid-19".
Reações adversas
Embora raras, as reações adversas ao medicamento descritas na bula são leves e transitórias. São elas: náuseas, diarreia, dor abdominal, tontura e urticária, por exemplo. O vice-presidente do CRFRS lembra que o medicamento precisa de prescrição para ser comprado e recomenda sempre uma consulta médica para avaliação e indicação ou não do remédio.
No Espírito Santo, o governo municipal de Vitória anunciou um protocolo para o uso dos medicamentos ivermectina e cloroquina/hidroxicloroquina nos pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19.