A pandemia do coronavírus está piorando no mundo, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (8).
— Embora a situação na Europa esteja melhorando, globalmente está piorando — disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista em videochamada, em Genebra.
O coronavírus já matou mais de 400 mil pessoas e infectou quase 7 milhões desde que surgiu na China em dezembro do último ano, segundo dados da OMS. Depois de inicialmente atingir o Leste Asiático, em seguida a Europa se tornou o epicentro da pandemia, que agora ocorre na América.
— Em nove dos últimos 10 dias, mais de 100 mil casos foram relatados. Ontem, mais de 136 mil casos foram contabilizados, o máximo em um único dia — acrescentou.
Segundo o chefe da OMS, quase 75% dos casos registrados no domingo estavam concentrados em 10 países, a maioria da América e do sul da Ásia.
Ele alertou que nos países em que a situação parece estar melhor, a "maior ameaça é a autocomplacência", e acrescentou que "globalmente, a maioria das pessoas continua sendo suscetível a se infectar".
— Estamos há mais de seis meses nessa pandemia, não é o momento para nenhum país colocar o pé no acelerador — manifestou.
Em relação a onda de protestos a partir da morte do americano George Floyd, o diretor-geral pediu que aumentem os cuidados para evitar que os contágios disparem, principalmente nas concentrações em massa.
— A OMS apoia completamente a igualdade e o movimento global contra o racismo. Recusamos qualquer tipo de discriminação", afirmou.
— Incentivamos que todos os que se manifestem em todo o mundo o façam de forma segura. Na medida do possível, mantenham-se a um metro de distância um dos outros, lavem as mãos, cubram a boca ao tossir e usem máscaras se forem manifestar — acrescentou.
Por sua vez, o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan, indicou que em casos de aglomerações, os responsáveis pela saúde pública local, seguindo a maior das precauções, podem aconselhar os participantes dos protestos a ficar em quarentena e fazer testes, mas ponderou:
— Se uma pessoa não está bem, realmente deveria ficar em casa e não participar de nenhuma atividade pública.
Transmissão de assintomáticos
Ao responder uma pergunta sobre a possibilidade de transmissão do coronavírus por alguém que não tem nenhum sintoma, a chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde, Maria van Kerkhove, comentou que ela "parece ser rara".
— O que queremos focar é acompanhar os casos sintomáticos, porque, se acompanharmos todos, porque sabemos que é um patógeno respiratório que infecta por gotículas, se isolarmos, reduziremos de forma drástica (a transmissão). Se acordo com os dados que temos, ainda parece raro que uma pessoa assintomática possa transmitir a doença a outro indivíduo.
A frase gerou um grande debate e foi comemorada inclusive pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no seu perfil no Twitter.
Entretanto, horas depois da coletiva, a própria epidemiologista esclareceu no Twitter o que quis dizer. Ela compartilhou um estudo da OMS a respeito da importância do uso de máscaras, mas ponderou que trabalhos sobre a transmissão do vírus em indivíduos realmente assintomáticos são "difíceis de conduzir". Ela reiterou que é "muito mais difícil" que assintomáticos transmitam o vírus, mas afirmou:
"É importante diferenciar o que é assintomático do que é pré-sintomático (pessoas que ainda não tiveram os sintomas, mas terão) e meio sintomático (pessoas que têm os sintomas, mas eles não são tão sérios, como alterações na temperatura e dificuldade de respirar). Também é preciso notar que o percentual de pessoas estimadas como "assintomáticas" não é a mesma coisa do que o percentual de pessoas que são assintomáticas e realmente transmitem".
A despeito desses comentários, em nenhum momento da coletiva as pessoas responsáveis pela Organização Mundial da Saúde mudaram suas orientações acerca do distanciamento social.