Até a última sexta-feira (24), o Ministério da Saúde havia entregue 350 dos 2 mil leitos de UTI prometidos para enfrentar a pandemia do coronavírus — número que representa 17,5% do total. De acordo com o G1, a pasta informou à reportagem que o descumprimento da entrega se deu por conta da "escassez de respiradores no cenário internacional". Também afirmou que, em um dos editais para compra do material, não houve empresas interessadas por conta da falta do equipamento no mercado.
Inicialmente, o governo havia buscado interessados para fornecer os primeiros 1 mil dos 2 mil equipamentos prometidos. Dois editais já haviam sido assinados, quando um terceiro foi lançado — com o objetivo de comprar 460 leitos. Este último, contudo, não teve nenhuma oferta.
Os leitos são, na verdade, "kits" que incluem material para atendimento aos pacientes covid-19. Eles foram anunciados pelo então secretário-executivo do ministério, João Gabardo, em 12 de março. De acordo com dados do Governo, até a última sexta-feira não receberam esse equipamento os Estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.
Ainda que no Ceará, por exemplo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI fosse de 100%, e no Amazonas, de 86%, até quinta-feira (23) nenhum dos Estados recebeu leitos. A outros entes federativos, como Paraná e Santa Catarina, foi disponibilizado o equipamento, mesmo com menos da metade dos leitos de UTI ocupados.
O Ministério da Saúde afirmou que "a distribuição dos leitos leva em conta critérios como o número de casos, a população local e o número de leitos instalados", e que "todos os Estados devem receber pelo menos um kit, que conta com 10 leitos de UTI adulto, sendo que cabe aos gestores locais a disponibilização de espaços físicos para montagem dos leitos".