O Estado de Santa Catarina está encarando a pandemia do coronavírus de forma rigorosa: por decisões do governo estadual e das prefeituras de Florianópolis e Balneário Camboriú, ônibus estão proibidos de circular, praias foram fechadas ao público, a polícia foi acionada para mandar banhistas de volta para casa e a ponte de acesso à Ilha de Santa Catarina, onde fica a maior parte da capital, foi fechada para coletivos de fora. São algumas das mais rígidas medidas já anunciadas no Brasil para conter a pandemia do coronavírus.
Por determinação do governador Carlos Moisés, desde quarta-feira (18) foi suspensa por sete dias toda circulação de ônibus municipais, intermunicipais e interestaduais. Isso significa que as cidades catarinenses, mesmos as mais populosas e em suas zonas urbanas, estão sem transporte coletivo.
Academias, shoppings, restaurantes e comércio em geral também receberam determinação de fechar as portas. Pelo mesmo prazo de sete dias, o governador vetou a recepção de novos hóspedes no setor hoteleiro. As indústrias localizadas em regiões com contágio comunitário devem operar em capacidade mínima.
Outra medida do decreto recebeu prazo mais dilatado: por 30 dias, missas, cultos, excursões e cursos presenciais foram suspensos. Farmácias e mercados estão autorizados a funcionar, desde que limitem a entrada de pessoas ao limite de 50% da capacidade do estabelecimento.
— São ações duras, mas necessárias para evitar que tenhamos um crescimento muito rápido da doença no Estado — defendeu Moisés.
Diante das restrições severas, surgiram questionamentos sobre a idealização de ações que evitem uma quebradeira na economia local, que tem na indústria e no turismo dois de seus expoentes, ambos impactados pelas medidas. Preocupadas com as consequências das decisões, entidades ligadas ao comércio cobraram de Moisés políticas que evitem desemprego e fechamentos de negócios.
— O impacto haverá. Já enfrentamos alguns desastres aqui, esse é mais um, só que veio previamente anunciado, estamos tendo a chance de nos programarmos. Todos pagarão um preço, a sociedade pagará um preço, com vidas, comprometimento do sistema e prejuízos na estrutura privada. O que estamos fazendo para mitigar as consequências do abalo econômico é estudar linhas de financiamento, aportes para micro e pequenas empresas, subsidiar juros, protelar pagamento de tributos estaduais. É um planejamento, mas ainda precoce — argumentou Moisés em entrevista coletiva no final da tarde desta quinta-feira.
As medidas do governo estadual encontraram guarida junto a prefeitos catarinenses, que aplicaram em suas cidades decretos que ampliaram ainda mais a restrição da circulação de pessoas.
Em Florianópolis, o prefeito Gean Loureiro anunciou nesta quinta-feira (19) que a Ponte Pedro Ivo, entrada para a ilha, será fechada para ônibus vindos de outras cidades. Isso significa que excursões de turistas e coletivos intermunicipais, por exemplo, não poderão ingressar na região nem fazer desembarque na rodoviária. O controle será feito pela Guarda Municipal, que ficará posicionada com viaturas no lado continental da ponte, fazendo abordagens. A prefeitura anunciou que todos os ônibus de fora serão parados e orientados a dar meia volta.
Loureiro também determinou o fechamento das praias de Florianópolis. Patrulhas da Guarda Municipal e da Polícia Militar foram enviadas na manhã desta quinta para retirar pessoas de balneários como Canasvieiras, que registravam grande movimentação mesmo em tempos de pandemia.
Em Balneário Camboriú, o prefeito Fabricio Oliveira também interditou as praias. Ele publicou decreto nesta quinta-feira, válido por sete dias. Oliveira chegou a ir pessoalmente, junto de policiais, fazer abordagens para que a determinação fosse cumprida e a orla, esvaziada.
No final da tarde desta quinta-feira, Santa Catarina tinha 20 casos confirmados de coronavírus. Outros 300 estão em avaliação.