Após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil — um homem de 61 anos, de São Paulo, que esteve na Itália entre os dias 9 e 21 de fevereiro —, se intensificaram os questionamentos sobre a preparação do país para controlar a propagação da doença. Para esclarecer dúvidas e tranquilizar a população, Marcelo Vallandro, técnico do Centro de Informações Estratégicas e Vigilância em Saúde, concedeu entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (26).
De acordo com Vallandro, apesar de o vírus ser um agente novo, que gera preocupação, e os órgãos de saúde estarem aprendendo com ele, é preciso ter tranquilidade neste momento. Ele garantiu que todas as medidas e protocolos possíveis de precaução estão sendo adotadas no país e que, desde o início, há um acompanhamento rigoroso das atualizações sobre a doença.
— Desde que isso (a epidemia) começou a se tornar preocupante lá na China, a gente já vinha criando mecanismos para nos preparar. Então podemos dizer que estamos preparados — afirmou.
O técnico também destacou que o país terá que responder proporcionalmente conforme o risco for se instalando. Questionado sobre medidas como interrupção de aulas e outros serviços públicos, Vallandro disse que é preciso ter cautela na adoção de providências, e que o plano de contingência e de ação para o momento será adaptado de acordo com o avanço da situação:
— O próprio regulamento sanitário internacional preconiza que, nessas emergências, as medidas adotadas de precaução, prevenção e controle, sejam restritivas e proporcionais ao risco. Então, neste momento é cedo ainda para uma medida como esta.
Em relação ao primeiro caso confirmado, o técnico relatou que ainda não há informação sobre a condição do paciente durante o voo de volta ao Brasil — ou seja, se ele já apresentava algum sintoma, como tosse, o que propiciaria ainda mais a transmissão do vírus para os outros passageiros.
Vacina e máscara
Vallandro também esclareceu algumas dúvidas sobre a prevenção da doença, afirmando que a vacina para gripe não protege do coronavírus, já que são vírus diferentes, mas contribui pela questão da imunidade da pessoa. A respeito do uso de máscaras, o técnico explicou que o uso é destinado às pessoas que já estão doentes, para evitar a transmissão:
— As pessoas que estão doentes é que devem colocar a máscara, não tem essa recomendação para quem não tem a doença. A máscara é um bloqueio, mas o grande objetivo é evitar que o paciente que já tem transmita para outros.
Além disso, falou sobre o potencial de transmissão do coronavírus que, apesar de ser considerado importante, é menor do que o do sarampo, por exemplo. Por fim, salientou a qualidade do sistema de saúde do país em avaliar e captar os possíveis casos da doença.