Iniciada em janeiro na China, a epidemia de coronavírus ganhou novo fôlego nesta semana, quando a proliferação de casos e o registro de mortes pela doença foram identificados em outro ponto do globo: a Itália. Mais ainda com a confirmação do primeiro caso no Brasil, nesta quarta-feira. Veja o que se sabe até agora sobre a doença:
Teste positivo no Brasil
O foco no país europeu aproximou a epidemia do Brasil, que, na noite de terça-feira (25), teve seu primeiro teste para coronavírus em paciente brasileiro dando positivo. Trata-se de um homem de 61 anos, morador de São Paulo, que esteve recentemente na região da Lombadia — a mais afetada pela doença dentro da Itália. O paciente foi retestado e confirmado também por fontes do governo nesta quarta-feira (26).
Mortes na Itália
O governo italiano já confirmou 12 mortes e 374 infecções por coronavírus. O país é o terceiro em número de óbitos, atrás apenas da China, que já teve 2,7 mil falecimentos, e do Irã, que teve 19.
França
Nesta quarta, a França anunciou sua primeira morte de cidadão do país pela doença. Ele tinha 60 anos e deu entrada em um hospital de Paris. Outro paciente já havia falecido na França, um turista chinês de 80 anos.
China
Enquanto isso, na China, o balanço diário do número de contaminações e mortes teve redução nesta quarta-feira. Autoridades chinesas anunciaram nesta quarta-feira que mais 52 pacientes morreram vítimas da epidemia de coronavírus, o menor balanço diário em três semanas, mas que elevou o total no país a 2.715 óbitos. Apenas cinco novos casos foram registrados fora do epicentro, o menor balanço em mais de um mês.
De que forma surgiu o surto atual?
A origem ainda não está elucidada. Acredita-se que a fonte primária do vírus seja animal, provavelmente oriunda de um mercado de frutos do mar e animais selvagens vivos – como morcegos – em Wuhan.
A transmissão do coronavírus acontece entre humanos?
Sim. Alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa para pessoa pelo ar, por meio de tosse ou espirro; pelo toque ou aperto de mão; ou pelo contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido do contato com a boca, o nariz ou os olhos. Contudo, ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa.
Quais são os sintomas de uma pessoa infectada pelo coronavírus?
Os sintomas incluem febre, tosse e dificuldade respiratória. De acordo com a OMS, a maioria dos infectados com o novo coronavírus desenvolve sintomas semelhantes aos da gripe e cerca de 20% progridem para doenças mais graves, como pneumonia e insuficiência respiratória. Crianças pequenas, pessoas com mais de 60 anos e pacientes com condições que comprometem a imunidade estão mais suscetíveis a manifestações mais graves.
Qual é a letalidade do coronavírus?
A estimativa inicial é de que a letalidade seja de 2% a 3%, ou seja: a doença mataria em torno de três pessoas a cada 100 infectadas. Esse índice é inferior aos registrados em outros dois coronavírus, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, sigla em inglês). A epidemia de Sars registrou 774 óbitos em todo o mundo, com 8.096 casos entre 2002 e 2003. A taxa de letalidade foi de 9,5%. Já a epidemia de Mers notificou 858 óbitos dos 2.494 casos registrados em 2012, demonstrando uma taxa de letalidade de 34,4%.
Existe um tratamento para o coronavírus?
Não há um medicamento específico. Aos pacientes infectados, indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade, com pneumonia e insuficiência respiratória, podem ser necessários suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica.
Posso tomar um antibiótico para prevenir contra o coronavírus?
Não. Antibióticos não são indicados nem para prevenção nem para tratamento, pois não agem contra vírus, somente bactérias.
Existe uma vacina para o coronavírus?
Como a doença é nova, não há vacina até o momento. Contudo, as autoridades chinesas divulgaram seu código genético rapidamente e laboratórios já estão estudando como criar uma imunização aplicável em escala global. Cientistas esperam ter uma vacina pronta para testar em humanos no início de junho.
Como reduzir o risco de infecção pelo coronavírus?
Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas. Lavar frequentemente as mãos por pelo menos 20 segundos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o ambiente em que elas estiveram, e antes de se alimentar. Se não tiver água e sabão, use álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível. Usar lenço descartável para higiene nasal. Cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir. Evitar tocar nas mucosas dos olhos. Higienizar as mãos após tossir ou espirrar; Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; Manter os ambientes bem ventilados; Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Tomei a vacina contra a gripe. Estou protegido contra o coronavírus?
Não. A vacina da gripe protege somente contra o vírus influenza.
Qual é a orientação diante da detecção de um caso suspeito?
Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Pacientes devem utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantidos preferencialmente em quarto privativo. Qualquer pessoa que entrar no quarto de isolamento ou entrar em contato com o caso suspeito deve utilizar equipamentos de proteção individual, preferencialmente máscara N95, nas exposições por um tempo mais prolongado, ou então máscara cirúrgica, em exposições eventuais de baixo risco. Além disso, recomenda-se o uso de protetor ocular ou protetor de face, luvas e capote/avental. Todo o caso que se enquadrar na definição de suspeito para o novo coronavírus deve ser notificado o mais rápido possível para as autoridades de saúde.
Deve-se tomar cuidado com produtos importados da China?
Especialistas apontam que o envio de embalagens por correio internacional vindos da China não deverá trazer risco aos consumidores no Brasil, devido ao tempo decorrido entre o envio e a chegada. Isso porque, em geral, os coronavírus sobrevivem pouco tempo fora de um hospedeiro. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos afirmou que não há, até agora, nada que indique qualquer risco associado à importação de produtos industrializados e ou de origem animal. "Em geral, por causa da baixa sobrevivência dos coronavírus em superfícies, há um risco muito baixo de disseminação por meio de produtos ou embalagens enviados ao longo de dias ou semanas em temperatura ambiente."
Devo usar máscara de proteção ao deixar o Brasil?
A infectologista Gynara Rezende, do Serviço de Controle de Infecção da Santa Casa e do Hospital Porto Alegre, diz que, em voos com saída do Brasil, não é preciso embarcar com máscara cirúrgica. — E não vejo por que usar máscara nas conexões (fora do país). A maior parte dos casos está na China. Mas, na China, sugiro que a pessoa já chegue ao aeroporto de máscara e a use na rua, trocando-a a cada duas horas — fala a médica, acrescentando que basta adquirir a máscara cirúrgica comum, em farmácias, e que a do tipo N95 é recomendada para profissionais de saúde em determinadas situações. Além de conter a dispersão das gotículas de saliva, a máscara protege a pessoa de encostar no rosto e acabar se contaminando — daí a recomendação mais importante para a prevenção de contaminação por vírus desse tipo, que é a de lavar repetidas vezes as mãos durante o dia.
Fontes: referências de órgãos nacionais, como o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e internacionais, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e a Organização Mundial da Saúde (OMS), para trazer uma série de perguntas e respostas sobre o coronavírus. Confira