Pacientes com doenças crônicas ou graves, imunodeficientes, idosos e gestantes estão no grupo que deve estar mais atento e preocupado com a chegada do coronavírus ao Brasil. O primeiro caso da doença foi confirmado na manhã desta quarta-feira (26).
Quem tiver sintomas respiratórios como tosse, espirros, coriza e falta de ar precisa procurar atendimento médico. Surgimento ou aumento da febre também são sinais importantes. Postos de saúde e hospitais estão a par do protocolo a ser seguido caso recebam um paciente com suspeita de infecção pelo coronavírus.
A infectologista e pesquisadora Nancy Bellei, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destacou que a evolução da epidemia é muito rápida. O foco, atualmente, está em viajantes que passaram pelos países mais afetados, mas, em breve, esse fator será secundário.
— Agora, temos que ficar atentos à possibilidade de casos assintomáticos, com transmissão que não está sendo detectada, principalmente nas grandes cidades, que são a porta de entrada desses viajantes, além dos contatos deles — disse Nancy.
A médica fez uma comparação com a pandemia de gripe A, ocorrida entre os anos de 2009 e 2010. Do ponto de vista individual, esclarece Nancy, a chegada do coronavírus pode ter um impacto pequeno: um quadro viral que deixará a pessoa afastada de suas atividades por alguns dias, sem maiores problemas. Mas, avaliando-se a situação sob a perspectiva da coletividade, o impacto tende a ser maior.
— Tendo uma transmissibilidade maior, você vai ter um maior número de doentes. Mesmo que a maioria não procure serviço de saúde, você vai ter um afluxo de pessoas em serviços de saúde que já estão sobrecarregados. E vai ter menos gente nas atividades essenciais, nos serviços terciários, e isso promove uma alteração na cidade, no funcionamento urbano. Desse ponto de vista, provavelmente teremos uma situação um pouco mais complicada.
Pessoas que não se encaixam nos grupos de risco que venham a contrair o coronavírus podem, eventualmente, apresentar complicações. Nancy, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, lembrou também que, com a proximidade da troca de estação, chegando o outono, começa, por aqui, a temporada de circulação mais marcante do vírus sincicial respiratório e também do influenza. Para essas doenças, vale manter a atenção para os mesmos sintomas já descritos acima.
No Rio Grande do Sul, um dos poucos Estados do Brasil onde há período frio bem definido, as infecções ocorrem com mais facilidade. Mas vale lembrar que países como Singapura, com temperatura amena, estão tendo casos de coronavírus.
— Claro que no inverno é sempre mais fácil, com ambientes fechados, pessoas mais aglomeradas. Ainda não conhecemos totalmente as características virológicas desse novo coronavírus, mas obviamente há mais chance em ambientes mais fechados. É o que a gente viu no navio no Japão, por exemplo.
Nancy também ressaltou a importância de os profissionais de saúde estarem bem protegidos no momento do atendimento a pacientes com suspeita de coronavírus.
— Se tivermos uma baixa em profissionais de saúde, não conseguimos repor.
Outro ponto importante: só devem permanecer internados em hospitais os doentes que precisam de oxigenioterapia e hidratação. Deve haver rigor na aplicação das medidas de isolamento.
— Conforme a epidemia avançar, é importante ter em mente que alguns serviços de saúde terão que ter um serviço só para esses pacientes.