Enquanto não se desenvolve uma vacina contra o coronavírus, a imunização contra outra doença, bastante conhecida dos brasileiros, pode ajudar a combater indiretamente a atual pandemia.
A aplicação de doses contra a gripe é considerada fundamental para não sobrecarregar a rede de atendimento, facilitar o diagnóstico da covid-19 e evitar casos em que o novo vírus contamine pessoas já debilitadas pelo influenza.
A campanha nacional de vacinação, que ocorreria na segunda quinzena de abril, foi antecipada em razão da pandemia e começará em 23 de março. Na maior parte da rede particular, as doses devem começar a chegar a partir do começo da semana.
— Quanto menos pessoas ficarem gripadas, muito melhor. Isso serve para evitar uma sobrecarga do sistema hospitalar durante a pandemia de covid-19, porque todos os anos nós já temos milhares de casos de gripes. Muitos são leves, mas outros, mais graves, exigem internação — afirma o infectologista Alexandre Zavascki, chefe do serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Neste ano, em que o coronavírus poderá concentrar boa parte da infraestrutura e das equipes de saúde, quanto menos necessidade houver de destinar atendimentos e internações para pacientes com outras doenças, melhor. Como a vacina tem alta eficácia contra o influenza, essa é considerada uma estratégia de alto impacto para evitar sobrecargas em unidades de saúde e hospitais.
A vacinação tem outras duas vantagens principais. Uma delas é facilitar o diagnóstico. Se um paciente apresenta sintomas compatíveis com infecção pelo coronavírus mas também pelo influenza, como febre, tosse e cansaço, se houver tomado previamente a vacina da gripe é muito mais provável que tenha covid-19.
Outra razão para valorizar a imunização é evitar casos em que uma pessoa debilitada por um quadro anterior de gripe seja afetada também pelo coronavírus, ou vice-versa.
— Duas infecções podem ocorrer. Mas a vacina diminui muito o risco — afirma Zavascki.
Por essas razões, os especialistas recomendam a vacinação para a população em geral. A campanha nacional, que oferecerá doses gratuitas, é focada em idosos, profissionais da saúde, segurança e salvamento, pessoas com doenças crônicas, crianças, gestantes, puérperas e indígenas. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) estima que o público-alvo é de 4,4 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul.
Quem não se enquadra nessas categorias pode recorrer à rede particular, que, conforme levantamento realizado por GaúchaZH, deve começar a oferecer a vacina a partir da próxima semana.
Como se vacinar
Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe
- 23 de março: idosos e trabalhadores da saúde
- 16 de abril: professores e profissionais de segurança e salvamento
- 9 de maio: crianças de seis meses a seis anos de idade, pessoas com 55 anos ou mais, mulheres grávidas, mães no pós-parto, população indígena e pessoas com deficiência.
Rede particular
GaúchaZH realizou um levantamento na sexta-feira (13) com 10 das principais clínicas e redes de vacinação no Estado. A maioria informou que passará a receber as doses a partir de segunda-feira e ao longo da semana. A maior parte não tinha ainda informação sobre preço.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins: