Os novos prédios que integram o complexo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre devem receber os primeiros pacientes no final de março. A informação é da diretora-presidente Nadine Clausell, que prevê, no máximo, para o começo de abril a cerimônia de inauguração. A previsão inicial era janeiro deste ano, após as obras terem sido concluídas em outubro de 2019 — foram cinco anos de trabalho.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (18), Nadine detalhou o que falta para liberar os dois anexos, além de mudanças na organização das equipes que permitiram a redução na espera por atendimento na emergência do hospital, que atende 90% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
— Estamos com a sinalização de conseguir um habite-se parcial. Devemos ter isso nas próximas semanas. Assim que a gente tiver as questões legais resolvidas, começamos a atender. Nós queremos inaugurar os espaços com pacientes circulando, e não apenas a estrutura dos prédios — destaca.
No primeiro momento, os dois anexos serão equipados com os aparelhos já utilizados nas estruturas atuais do Clínicas. Mas o projeto prevê o investimento de R$ 100 milhões em novos equipamentos.
— Sabemos que esse recurso não se consegue em apenas um ano — observa.
Para Nadine, a destinação de emendas parlamentares pela bancada gaúcha no Congresso será fundamental para equipar os novos prédios.
— Se conseguirmos algo na faixa dos R$ 10 milhões neste ano, já será muito importante — avalia.
Além da verba federal, a diretora-presidente afirma que o Hospital de Clínicas também pode receber doações.
— Essa porta precisa ser trabalhada. Inclusive criamos um escritório de captação de recursos. São maneiras de explorar recursos já que o orçamento do Ministério da Educação (MEC) está praticamente congelado — afirma.
Com o aumento do complexo hospitalar, poderá ser necessário a contratação de mais servidores. Sobre isso, Nadine garante que novos profissionais serão selecionados por meio de concurso público.
— Não queremos mudar o nosso formato de trabalho. Defendo que o modelo continue como concurso CLT, público e transparente — reitera.
Tempo de espera menor na emergência
Durante a entrevista ao Gaúcha Atualidade, Nadine destacou a redução no tempo de espera por internação na atual emergência, que passou de 120 horas para 48 horas, em média, de 2018 para 2019. Conforme Nadine, a mudança foi possível após a participação da instituição no Programa Lean, do Ministério da Saúde com coordenação do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
— É uma redução de 60% no tempo de espera por um leito hospitalar. Além disso, conseguimos verificar, logo na entrada, se o paciente pode ser encaminhado para a atenção básica ou se precisa de um leito de internação — detalha.
Segundo Nadine, a metodologia permite maior eficiência dos recursos humanos e materiais, além de repercussão interna dentro do hospital.
— Se nós não estivéssemos nesse nível, a gente iria se mudar com uma emergência não ótima de trabalho. Hoje, estamos numa situação quase ótima — avalia.
O Projeto Lean nas Emergências, desenvolvido por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi/SUS), começou em 2018, após um projeto piloto desenvolvido durante 2017. A meta, segundo o governo federal, é reestruturar 100 serviços de urgência até 2020, com 450 profissionais capacitados e 180 protocolos clínicos implantados.
Hospital de Clínicas em números*
- 570 mil consultas, sendo 50,2% para pacientes de Porto Alegre e 49,8% para pacientes do interior gaúcho e outros Estados
- 31 mil internações
- 3,1 milhões de exames
- 47,5 mil procedimentos cirúrgicos
- 3,5 mil partos
- 257 mil procedimentos em consultório
- Mais de 400 transplantes
*dados referentes a 2018