Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (3), a prefeitura de Santa Maria disse considerar encerrado o surto de infecção intestinal que causou a morte de duas crianças no município. A causa das infecções, contudo, ainda não foi identificada.
Conforme o boletim divulgado na manhã desta sexta, de 26 de dezembro de 2019 a 1° de janeiro deste ano, 1.522 pessoas procuraram as redes pública e privada de Santa Maria com sintomas como diarreia e dor abdominal. Levantamento anterior apontou que, entre 24 e 26 de dezembro do ano passado, outros 269 pacientes foram atendidos com os mesmos sintomas.
O secretário de Saúde, Francisco Harrisson, explica que foram confirmados seis casos de gravidade, sendo dois deles das duas crianças – de 4 e 5 anos – que morreram. Além desses, são contabilizados o caso de uma mulher que foi internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital de Caridade e recebeu alta no último sábado (28), e mais três crianças que manifestaram os sintomas, já receberam tratamento adequado e estão bem. As demais pessoas que procuraram atendimento não são consideradas casos de gravidade e não tem relação com a comunidade escolar em questão:
— Todos os casos foram investigados, não se encontrando no decorrer deste período nenhum outro caso ou internação por gravidade. Desta forma, chegamos à conclusão de que surto se encerrou por não termos mais casos graves. Esse surto foi chamado de pico, onde tivemos poucos casos, mas de uma gravidade imensa.
A suspeita do surto se iniciou em 24 de dezembro, depois da morte de duas crianças que eram da Escola de Educação Infantil do Serviço Social da Indústria (Sesi), em Santa Maria. Das amostras coletadas no local, conforme Harrisson, não foram encontrados indícios de contaminação. No boletim final consta o detalhamento das análises, que apontam para a presença de coliformes fecais em um poço artesiano da escola. Segundo o secretário, porém, o poço não apresenta riscos e não foi considerado foco porque não é utilizado há mais de três anos.
— O laudo de vistoria do colégio não apontou nenhum contaminante, nada que determinasse que ali foi iniciada a contaminação. As entrevistas estão sendo finalizadas e todos os casos serão analisados para buscar pontos em comum. O que ocorre é que uma criança pode ter levado a bactéria para dentro do colégio e contaminado as outras. Existem pessoas que, mesmo assintomáticas, ou seja, sem diarreia, possuem a bactéria e seguem contaminando — reforçou.
O secretário acrescenta ainda que a água foi “descartada” como possível fonte de contaminação:
— Do surto de diarreia não foi relatada nenhuma relação com a água até pelo tipo de surto que foi considerado de pico. Se tivéssemos uma disseminação pela água, teríamos muitos outros casos graves na cidade. Por isso, está totalmente descartado.
Harrisson destaca que nove amostras foram analisadas por um laboratório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e apresentaram resultado negativo para presença de bactérias de alta contaminação. As mesmas amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen). A prefeitura também informou que as coletas serão levadas ainda para verificação em laboratórios da Fio Cruz e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para ampliar os tipos de análise.
A principal recomendação para evitar o contágio é consumir somente água potável e lavar bem os alimentos antes do consumo.