Doença respiratória crônica, a asma é marcada por uma inflamação das vias aéreas que provoca, entre outros sintomas, chiado no peito e falta de ar. Como afeta milhões de pessoas em todo o mundo e chega a matar centenas a cada dia, o 21 de junho é lembrado como Dia Mundial de Controle da Asma.
De acordo com dados de 2018 do Global Asthma Network, entidade que trabalha para melhorar o cuidado com os pacientes em nível global, há cerca de 339 milhões de asmáticos no mundo. Por dia, a doença mata mil pessoas. No Brasil, estima-se a existência de 20 milhões asmáticos, considerando a prevalência global de 10% da população descrita em literatura especializada.
Já a Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo Ministério da Saúde, aponta que 6,4 milhões dos brasileiros acima de 18 anos têm a enfermidade. Por se tratar de uma doença crônica, a asma não tem cura, somente tratamentos para controle.
— É uma doença muito heterogênea no sentido da gravidade e da época que incide. Não tem um quadro clínico padrão — diz o pneumologista Roberto Stirbulov, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Saiba mais sobre a doença e seu controle
Quais são os sintomas?
Variam muito, bem como sua gravidade. No entanto, os sintomas clássicos são: chiado no peito, opressão torácica e falta de ar.
— Às vezes, a manifestação é não (conseguir) correr atrás do ônibus, não conseguir fazer educação física — descreve Stirbulov.
Quando se manifesta?
O pneumologista diz que, normalmente, os sintomas surgem na infância, dão uma trégua durante a adolescência e pioram na vida adulta.
Qual é o tratamento?
O tratamento convencional, chamado de preventivo, é feito com uso diário de substâncias inalatórias: broncodilatadores mais corticoide, diz o chefe do Serviço de Pneumologia da Santa Casa de Porto Alegre, Adalberto Rubin. Durante as crises, fala o especialista, que também preside a Sociedade Gaúcha de Pneumologia, é preciso fazer mais uso de broncodilatadores e, se necessário, acrescentar antibióticos e anti-inflamatórios.
Há outros casos, chamados de asma grave, em que, mesmo usando toda a medicação recomendada, o paciente não consegue controlar a doença e segue com sintomas e crises frequentes. Para esses quadros, é recomendada a utilização de imunobiológicos, medicamentos de alta tecnologia que atuam na fisiopatologia da asma grave, especifica Rubin.
— A maioria dos pacientes são asmáticos que respondem ao tratamento, mas tem porcentagem deles, em torno de 5%, com asma grave. O quadro vai piorando, e a pessoa tem mais crises e não responde ao tratamento — comenta o pneumologista de São Paulo.
Qual a causa?
O que sabe até hoje é que a doença tem um componente genético importante. Quando a pessoa é exposta ao meio ambiente, adquire a inflamação crônica.
O que é o controle?
Stirbulov explica que cada doença tem um critério de controle. No caso da asma, o objetivo para prescrição de medicamentos é:
- Fazer com que o paciente não tenha sintomas que atrapalhem suas atividades habituais.
- Não acordar no meio da noite com asma.
- Não necessitar medicamentos de alívio.
- Exercer atividades físicas e sociais sem que a doença atrapalhe.
Tem como prevenir?
Na realidade, por ter um fator genético, não é possível prevenir a doença em si, porém, pode-se evitar o contato com elementos externos desencadeantes como ácaros e poeira, entre outros.
— No inverno, as pessoas pegam roupas ou cobertas guardadas e recebem uma carga de ácaros que desencadeiam asma e rinite. O recomendando é embalar os cobertores em sacos plásticos — fala o professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Fazer o tratamento indicado para controlar os sintomas também é fundamental.
Animais de estimação e esportes são proibidos?
O médico diz que não é o pelo do animal que pode provocar as crises, mas sim a poeira que ele carrega. Contudo, uma minoria dos pacientes tem sensibilidade ao pelo em si. Já quanto à prática de esportes, se controlada, a doença não interfere.
— Em uma Olimpíada, a média de asmáticos é de 10% — afirma Stirbulov.