Uma nova proposta para o tratamento da asma, problema que afeta 235 milhões de pessoas no mundo, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), é o objeto de pesquisa do renomado médico Paul O'Bryne. Autor de um estudo intitulado de "Os paradoxos da gestão da asma: tempo para uma nova abordagem?", o especialista canadense questiona os protocolos atuais. Em entrevista ao jornal O Globo, ele afirmou que os pacientes que têm a forma mais leve da doença sofrem desnecessariamente com os tratamentos preconizados.
Segundo ele, o grande equívoco é atacar somente os sintomas _ dificuldades respiratórias causadas pelo estreitamento das vias aéreas _, deixando de lado as causas subjacentes, como inflamação crônica das vias. Dessa forma, os pacientes acabam se tornando "dependentes" das bombinhas com broncodilatadores e acabam ignorando a importância do uso de medicamentos anti-inflamatórios.
— Levantamentos nacionais feitos em diversos países mostram que, quando esses pacientes são avaliados, a maioria não está com a asma bem controlada. Ficamos pensando qual a razão de os pacientes aceitarem o fato de sua asma, embora possa estar bem controlada, não estar bem controlada. E as respostas que estamos encontrando consistentemente são que eles de fato estão sujeitos a ataques muito severos, uma exacerbação de sua asma, sob risco de morte até, mas não têm a causa subjacente tratada por serem considerados casos leves — disse ao O Globo.
A solução apontada pelo médico para esse problema é, desde o primeiro passo do tratamento, incluir substâncias anti-inflamatórias nos inaladores. Com essa medida, além de cuidar dos sintomas, a causa principal também seria tratada.
Antes de ser adotada, a sugestão de O'Bryne precisa ter os benefícios comprovados por pesquisas. Conforme o especialista, dois grandes estudos já estão em andamento e os resultados devem ser publicados em 2018. Análises preliminares desses levantamentos já estariam sendo positivas, garante o canadense.