Dor de cabeça, cólica, irritabilidade, depressão, choro fácil, inchaço, dor nas mamas, constipação ou evacuação mais frequente, apetite aumentado por certos tipos de comida – quem padece de tensão pré-menstrual (TPM) já deve ter se identificado com os sintomas. Os sinais aparecem no período que antecede o sangramento e tendem a desaparecer no primeiro dia em que a menstruação desce. É comum que o mal-estar se repita na maior parte dos ciclos. Quando a depressão ou o sintoma de humor é muito severo, é preciso verificar se a paciente não está sofrendo do transtorno disfórico pré-menstrual.
— Ela fica muito entristecida e não quer sair de casa, não quer cumprir suas tarefas, não quer socializar, não quer ir para o trabalho ou para a aula. Tem casos em que isso acontece todos os meses. E quando ela menstrua, fica ótima — descreve a ginecologista Maria Celeste Osório Wender, chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). — O melhor tratamento é um antidepressivo, que pode ser utilizado só nos dias que antecedem a menstruação, porque ela não fica deprimida no período pós-menstrual. O resultado é superbom — avalia.
Alimentação saudável e exercícios físicos regulares – e não apenas na época da TPM – podem amenizar a manifestação dos incômodos. Segundo a ginecologista Daniela Angerame Yela, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP), e membro da comissão de Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o estresse, o sedentarismo e o excesso de sal e gordura tendem a piorar o desconforto. Estudos mostram, segundo Daniela, que alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados e vegetais de folhas verde-escuras, proporcionam alívio.
— Deve-se reduzir o consumo de estimulantes como chocolate e café, apesar de algumas mulheres fazerem bastante uso deles para se acalmar — indica Daniela.
Para quem tem queixas de agitação e irritação, Maria Celeste sugere que se evite também bebidas como guaraná e chimarrão.
Sintoma mais comumente associado à menstruação, a cólica (dismenorreia) pode ser sentida em diversos níveis, oscilando de um simples desconforto até um nível incapacitante de dor. O que provoca a sensação dolorosa é uma alteração na liberação de prostaglandinas, substâncias existentes dentro do músculo do útero. Os músculos uterinos se contraem mais para a descamação do endométrio, e a redução de sangue no local provoca a cólica.
Existem a dismenorreia primária e a secundária. Na primária, não há nenhuma doença associada. É um desconforto, mesmo que forte, que, em geral, responde muito bem a anti-inflamatórios ou ao uso de pílula anticoncepcional. Aparece com mais frequência entre adolescentes e adultas jovens, na faixa dos 20 e poucos anos, e costuma diminuir a partir daí. No caso da secundária, a dor pode estar associada à presença de endometriose, miomas ou outras patologias.
Aplicar calor na região do abdômen, com bolsa de água quente, é uma medida que funciona. A prática de atividade física também proporciona bem-estar.
Atenção aos casos de endometriose
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se em 10% o índice de mulheres que sofrem com a endometriose no Brasil. A doença, caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste o útero) fora da cavidade uterina, podendo atingir trompas, ovários, intestinos e bexiga, é marcada por fortes cólicas durante o período menstrual. Mulheres que têm dessas dores super intensas devem procurar orientação de seu ginecologista para uma possível investigação da enfermidade.
A endometriose, capaz de provocar infertilidade, pode aparecer ainda na adolescência e ao longo de toda a idade reprodutiva. Há possibilidades de tratamento medicamentoso e cirúrgico.