O surto de toxoplasmose de Santa Maria está em declínio, continua igual ou vem aumentando? Em que locais exatamente estão concentrados os doentes? Essas são questões difíceis de responder, porque as autoridades de saúde do município e do Estado têm se recusado a fornecer à população dados sobre o tema.
Em entrevista a GaúchaZH, Marilina Bercini, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), afirmou que o início dos casos teria sido em janeiro.
- A gente sabe ao certo quando começou. Temos os primeiros casos, pouca coisa, em janeiro e fevereiro. A gente faz a conta pelos sintomas. Vai fazendo uma curva, tal dia tem um caso, tem dois, tem três. Em março e início de abril seria o número maior de casos. Depois vão diminuindo. Mas temos de ter um período maior para saber se está diminuindo ou se está mantendo. Quando se está dentro de um surto, tem de esperar, porque o período de incubação é longo, de até 23 dias - diz ela.
Ainda nesta semana, médicos de Santa Maria relatavam o aparecimento de novos pacientes com sintomas suspeitos. Para Marilina, parecem haver indícios de "uma persistência, mas em queda". GaúchaZH pediu a ela - e também à secretaria municipal de Saúde - os números de notificações por semana, para avaliar a evolução do surto, mas a informação foi negada.
Outro dado que as autoridades municipais e estaduais têm se negado a fornecer é a distribuição geográfica dos casos - uma das justificativas é de que essas informações poderiam ser mal interpretadas pela população. Governo do Estado e prefeitura revelaram apenas que pacientes de 19 dos 41 bairros adoeceram, mas não quiseram divulgar que bairros são esses e quantos doentes há em cada um. A atitude é criticada pelos infectologistas da cidade, em documento divulgado nesta semana: "Esses dados devem ser de acesso público, pertencem ao coletivo e não exclusivamente a pessoas ou instituições. É irresponsável não compartilhar esses dados com profissionais de saúde ou agentes comunitários das localidades mais afetadas, pois poderíamos reforçar medidas de prevenção".