
O olhar vigilante do público sobre como as marcas se posicionam frente a temas urgentes, a exemplo da sustentabilidade, é um ativo potencial para construir valor nos negócios. E quando aliada ao entretenimento, a estratégia se torna um “canhão” para construir consciência e ações com propósito.
O assunto foi tema de painel no primeiro dia de South Summit Brazil, em Porto Alegre, e mostrou como marcas gaúchas fazem para levar as práticas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) ao entendimento do público. O papo foi moderado por Rafael Lemos, CEO da Uhuu.com, plataforma de gestão de ingressos e experiências, que reuniu no palco a diretora-executiva de Marketing do Grupo RBS e head do Planeta Atlântida, Caroline Torma, e a CMO da Lojas Renner S.A, Renata Altenfelder.
Caroline trouxe à plateia o exemplo do Planeta Atlântida, festival de música que atravessa gerações e que passa a incorporar cada vez mais as práticas sustentáveis.
— Uma marca não chega a 30 anos por acaso. Evoluímos com nosso público para quem o tema ESG vem ganhando cada vez mais relevância — destacou Caroline.
O Planeta possui um mapeamento de práticas sustentáveis e foi um dos primeiros eventos a comprar crédito de carbono, ainda na primeira década dos anos 2000. A cada ano, vem ampliando as ações em ESG. Na edição de 2025, o festival, a partir dessas iniciativas, contribuiu para todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os chamados ODS, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Entre as parceiras para a realização do festival, a Lojas Renner, gigante do varejo gaúcho e brasileiro, vem marcando posição em práticas consolidadas de ESG. A rede busca demonstrar seus compromissos em eventos como o Planeta, onde o público consumidor está. A ação, diz Renata, aproxima a companhia dos seus compradores:
— Ter uma prática responsável não impede de se divertir. E ao longo do tempo temos feito com que o consumidor perceba e entenda isso.
Oito a cada 10 peças da Renner são consideradas sustentáveis, comercializadas em lojas já pensadas no conceito de economia circular. Assim como o entretenimento, a moda é ferramenta para impactar e formar a consciência dos consumidores.
Em um grupo de comunicação, o tema também é ativo estratégico. A diretora-executiva do Grupo RBS citou o exemplo do caderno Retoma RS, publicação mensal que busca levar as práticas ESG para o dia a dia das pessoas. Para Caroline, abordar o assunto dentro e fora dos negócios é fundamental para se discutir sustentabilidade.
Percepção em números
As percepções sobre a adesão do público ao compromisso sustentável das empresas aparecem nas métricas. Segundo Caroline, 83% dos “planetários” concordam que o Planeta Atlântida é inclusivo. Além disso, cinco em cada 10 participantes dizem que pretendem adotar práticas ESG em seus hábitos.
Renata, da Renner, reforçou que a abordagem ao tema vem crescendo muito nos últimos anos, sobretudo com o amadurecimento das ações de marketing. São resultados que se sustentam a longo prazo e conferem sobrevivência às empresas.
Firmar compromissos sustentáveis, aliás, é o principal propósito das empresas hoje, conforme o CEO da Uhuu. Pesquisa citada por Lemos diz que 75% da Geração Z espera que as marcas se posicionem, por exemplo.
— O entretenimento de verdade talvez seja aquele feito com experiência. Já a experiência é aquela feita com impacto — reforçou o CEO.
A agenda do South Summit vai até sexta-feira (11) nos armazéns do Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre. Painéis, debates e competição de startups estão entre os atrativos da quarta edição.