A reforma no Viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre, foi retomada no dia 3 de junho. Quem passa pelo trecho da Avenida Borges de Medeiros percebe a movimentação de operários e barulho de equipamentos e máquinas por detrás dos tapumes de proteção.
As obras precisaram ser interrompidas durante 30 dias em razão da enchente de maio. Muitos trabalhadores foram afetados e não puderam dar sequência ao serviço. Conforme a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), 60% dos trabalhos estão concluídos.
As escadarias do lado esquerdo do sentido Centro-bairro deverão ser liberadas nos próximos dias. E até novembro poderão ser entregues à população a usabilidade e algumas lojas. Mas ainda há muito a ser feito.
— Tivemos problemas com a água da chuva, que acabou extravasando, principalmente naquele lado que estávamos bem adiantados. Algumas das salas que estavam prontas recuaram — explica o secretário da Smoi, André Flores, dizendo que deverá haver um avanço significativo nos trabalhos nos próximos 60 dias.
A prefeitura de Porto Alegre trabalha para apresentar nos próximos dias um novo cronograma com prazos das obras do Viaduto Otávio Rocha, do Quadrilátero Central e da Usina do Gasômetro, estes dois últimos foram diretamente impactados pela cheia na cidade.
— Este ano nós vamos estar com o viaduto liberado. Mas acredito que teremos toda a obra concluída apenas no início do próximo ano — estima o titular da pasta.
Não houve problemas de inundação no viaduto. Entretanto, ocorreu extravasamento de água vinda das saídas pluviais dos prédios e do estacionamento da parte alta. Isso ocasionou danos em algumas salas onde o serviço já havia sido concluído.
A sala para a Guarda Municipal está confirmada, mas o posto não terá função de vigilância. Será um ponto de apoio para as viaturas partirem para os locais de ocorrências quando houver chamado. Um totem de segurança já está instalado bem debaixo do viaduto no canteiro central da Avenida Borges de Medeiros. E haverá câmeras de segurança para coibir crimes, furtos e tentativas de pichação.
Mais detalhes do trabalho
Nesta quinta-feira (20), a reportagem de GZH circulou em meio ao canteiro de obras para observar o estágio do serviço. A Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia é a responsável pela revitalização do viaduto. A engenheira Graziele Merigo, que presta serviço para a empresa, conduziu a equipe pelo local.
— Neste momento, está sendo feito o cirex (que reveste o viaduto) da fachada — disse a profissional, acompanhada por outros dois colegas.
O lado esquerdo no sentido do Centro ao bairro está mais adiantado do que o flanco direito da mesma direção. Porém, ocorrem intervenções em diversos pontos em toda a estrutura. No espaço onde são executados os restauros das esquadrias estavam sendo pintadas algumas portas. Cerca de 50 trabalhadores estão em atividade no canteiro de obras, onde há até refeitório para o grupo.
Duas plataformas elevatórias podiam ser vistas encostadas junto à estrutura, mais perto da esquina com a Coronel Fernando Machado. Na parte de cima do Passeio Primavera, já se caminha sem obstáculos e se veem corrimãos novos. Haverá uma cobertura que será instalada em cima da escadaria deste trecho.
No outro lado do viaduto, os trabalhos ainda levarão mais tempo. Dentro das salas dos lojistas há areia e material de construção. A calçada, na parte mais próxima também da Coronel Fernando Machado, precisa de muitas melhorias até estar totalmente apta para o uso. Ela está descoberta em um trecho considerável. A estrutura do viaduto neste lado exibe as pedras originais de sua construção. Tudo precisará ser recoberto.
O contrato firmado entre a prefeitura e a Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia estabelecia o prazo de execução das obras em 18 meses a partir da assinatura da ordem de início dos trabalhos. A formalização do compromisso ocorreu em 4 de novembro de 2022. Ou seja, tudo deveria ter sido concluído em maio deste ano. As intervenções tiveram as datas alteradas em outras ocasiões durante este processo de revitalização.
Há pouco tempo, um termo aditivo foi publicado, o que elevou o custo das obras de R$ 13,7 milhões para R$ 17,2 milhões. Segundo a Smoi, até este momento, já foram investidos R$ 8 milhões.
Saiba mais
Referência da cidade e ponto de encontro para pessoas em momentos de lazer, o Viaduto Otávio Rocha foi inaugurado em 1932. Surgiu da necessidade de uma rua que ligasse as zonas leste, sul e central da Capital. A abertura da Borges de Medeiros encurtou em 20 minutos o trajeto do bonde do Centro até os bairros Menino Deus, Glória, Teresópolis e Partenon. Antes, o motorneiro era obrigado a contornar toda a área central pelos lados da Usina do Gasômetro.
A construção foi tombada como patrimônio histórico cultural em outubro de 1988. As mais recentes ações de restauro ocorreram nos anos 2000 e 2001. A revitalização atual está sendo executada com recursos recebidos da Corporação Andina de Fomento (CAF) para recuperar a orla do Guaíba.