Após quase oito meses do começo das obras de revitalização, o Viaduto Otávio Rocha, situado no Centro Histórico de Porto Alegre, está com 20% dos trabalhos concluídos. A informação é da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), que estima finalizar as intervenções no local no primeiro semestre de 2024.
O lado do viaduto que atualmente está em reforma deverá ser entregue à população em dezembro deste ano. Dessa maneira, os tapumes e as telas de proteção existentes serão retirados, enquanto o passeio e os terminais de ônibus do trecho poderão voltar a ser utilizados.
Inaugurada em 1932, a construção foi tombada como patrimônio histórico cultural em outubro de 1988. Recebeu as mais recentes ações de restauro nos anos 2000 e 2001.
— É muito importante sobre diversos aspectos da mobilidade e da autoestima da cidade — diz o titular da Smoi, André Flores, acerca da revitalização em curso.
Antes do começo efetivo das obras, foram retirados todos os ocupantes das lojas que ficavam no viaduto, na Avenida Borges de Medeiros. Na sequência, teve início a montagem da estrutura que a empresa contratada precisaria para executar o serviço. Também ocorreu a instalação dos tapumes. Em seguida, teve início a restauração das portas, além de terem sido realizadas a regularização hidráulica e pluvial dos espaços.
— A água pluvial dos prédios da escadaria que vem lá da Rua Duque de Caxias passa por trás do viaduto. Tivemos que regularizar e colocar todos os canos — detalha Flores.
Foi executada a impermeabilização da escada que desce da Duque de Caxias em direção à Borges, no sentido bairro-Centro.
— Primeiro vamos impermeabilizar embaixo das escadas, para não ter mais infiltrações nas lojas. Depois, recolocaremos o piso nas escadas com o mesmo desenho — explica o secretário.
A lavagem do cirex (que reveste o viaduto) também já foi executada em alguns espaços por funcionários da empresa Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia. Um produto antipichação foi aplicado na estrutura, para proteger contra possíveis ações de vândalos.
Em relação às obras de arte, andaimes estão montados para o restauro das esculturas localizadas nos pontos mais elevados. Por enquanto, isso acontece apenas no lado em processo de revitalização. Os balaústres serão limpos com cirex e passarão por reparos e substituições quando apresentarem danos maiores.
Outra intervenção importante acontece nas escadarias internas do viaduto, que têm pontos com infiltração de água. As duas localizadas no lado em execução passam por transformações como impermeabilização nas paredes de trás. Detalhes em corrimões e nas janelas ainda serão executados. Alguns pontos da estrutura do viaduto também exibem trechos com infiltrações.
Também estão sendo feitos banheiros públicos que ficarão perto da esquina da Rua Coronel Fernando Machado, enquanto o outro será instalado no lado oposto e na outra extremidade da Borges, nas imediações da Jerônimo Coelho. Este último é o que está em plena execução.
Na terça-feira (18), a reportagem de GZH percorreu o canteiro de obras. Os banheiros terão três espaços separados (masculino, feminino e para pessoas com deficiência). O forro será de gesso e o piso já recebeu argamassa, faltando a cobertura de ladrilhos.
— Além disso, vamos ter um posto avançado da Guarda Municipal — cita o secretário.
A base da Guarda Municipal está prevista para ser instalada em um espaço já existente nas proximidades da Fernando Machado, no lado direito da Borges (sentido Centro-bairro), nos arredores de uma banca de revistas. Mas essa decisão ainda não é definitiva. Ficará ao lado do memorial que será inserido e terá quatro portas de acesso.
Os ladrilhos danificados serão substituídos por outros iguais, mas os que puderem ser reaproveitados permanecerão no viaduto. Alguns bem preservados podem ser vistos amontoados em pontos do canteiro de obras. Por sua vez, material de demolição é recolhido diariamente por caminhões de tele-entulho.
— Nosso foco é a caminhabilidade. Precisamos dar o máximo de percepção e iluminação para as calçadas — ressalta Flores.
Nas paredes do viaduto estão sendo colocadas placas de polietileno para não cair argamassa nas calhas que passam por trás da estrutura. Também está sendo espalhado produto especial antipichação.
Em relação aos espaços comerciais, a prefeitura da Capital não sabe ao certo quantos permissionários retornarão aos seus pontos originais. Havia 33 ocupantes antes da retirada temporária. Na terça-feira, alguns operários já trabalhavam dentro de alguns ambientes, no lado onde as obras não começaram de forma efetiva.
— O combinado com os comerciantes é que todos que estiverem em condições de se regularizar, se regularizariam e voltariam — compartilha o secretário.
As pessoas envolvidas no trabalho de revitalização do viaduto Otávio Rocha demonstram orgulho por participar do processo.
— Para mim, a sensação é de fazer parte dessa história — comenta o prestador de serviço Henrique Batezini, que mora a poucos metros do próprio viaduto e conduziu a reportagem durante a visita ao canteiro de obras.
Quando as intervenções tiverem sido concluídas, a estrutura contará com um novo Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI) e passará a atender aos critérios de acessibilidade. O custo da reforma está estimado em R$ 13,7 milhões. A revitalização está sendo executada com recursos recebidos da Corporação Andina de Fomento (CAF) para recuperar a orla do Guaíba.