Nesta quinta-feira (6), completam-se 10 anos desde que um incêndio de grandes proporções atingiu o Mercado Público de Porto Alegre.
Patrimônio cultural da Capital, inaugurado na segunda metade do século 19, o prédio em estilo neoclássico já havia sofrido, antes de julho de 2013, três grandes incêndios: em 1912, 1976 e 1979.
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No primeiro deles, no início do século 20, o fogo destruiu os chalés internos. Após esse episódio, foi construído o segundo pavimento — para abrigar escritórios comerciais e repartições públicas.
Histórico do Mercado
Aberto em 3 de outubro de 1869, com projeto do engenheiro Frederico Heydtmann, o Mercado Público também resistiu à enchente de 1941. Mais de oito décadas depois, a altura em que a água chegou segue marcada na parede do prédio, a mais de um metro do chão.
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Até a segunda administração do prefeito Saturnino de Souza e Oliveira, entre 1841 e 1842, Porto Alegre não dispunha de um mercado central. O comércio era distribuído na região da então Praça do Paraíso (atual Praça XV) por vários pequenos estabelecimentos.
Foi então constituída uma sociedade para a construção de um prédio adequado. Este primeiro Mercado Público tinha uma planta quadrangular, em alvenaria de tijolos e com um portão de ferro, ficando pronto em 1844 e devendo concentrar todo o comércio de carne da cidade.
Em 1857, foram iniciadas discussões para construção do novo prédio, mais amplo. O engenheiro Heydtmann apresentou um projeto em 1861, mas o desenho foi alterado substancialmente com ampliação das dimensões e acréscimo de torreões nos cantos.
A obra custou aos cofres públicos a importância de 246 contos de réis, bastante elevada para a época. Em 3 de outubro de 1869, era inaugurado o prédio que se tornaria símbolo da capital gaúcha e que, desde 1979, é tombado como Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre.
Uma grande restauração do local, como o conhecemos hoje, em estilo eclético, ocorreu entre 1990 e 1997. A reforma recuperou a percepção visual das arcadas, resgatou as circulações internas, criou novos espaços de convivência e implantou redes de infraestrutura compatíveis com o funcionamento do Mercado. Foi construída também uma nova cobertura. Foram instaladas duas escadas rolantes, dois elevadores e um memorial.
Ameaça de demolição
Hoje consolidado como parte da paisagem da cidade e protegido pelo Patrimônio Histórico e Cultural, o Mercado Público já esteve ameaçado de demolição. Isso ocorreu no início da década de 1970, quando o então prefeito, Thompson Flores, colocava em prática seu projeto de modernização da Capital. A ideia era construir, no local, uma esplanada para dar outra cara ao Centro Histórico.