O muro da Mauá foi o único dos quatro grandes equipamentos que não apresentou falhas na enchente de 2024 em Porto Alegre. Enquanto as casas de bombas, os diques e as comportas apresentaram problemas graves que provocaram a inundação da Capital, o muro seguiu íntegro, sem “intercorrências”, conforme diagnóstico apresentado nesta quarta-feira (19) pela prefeitura de Porto Alegre.
— Falhou o sistema de proteção e a água entrou nas casas de bombas. Teve falhas nas comportas e nos diques — afirmou o prefeito Sebastião Melo, durante apresentação do plano de reconstrução de Porto Alegre.
O muro da Mauá ainda passará por um laudo estrutural, para avaliar eventuais impactos dos avanços das águas.
A solução dos problemas identificados nas casas de bombas, nos diques e nas comportas custarão, segundo a prefeitura, R$ 510 milhões. Em entrevista coletiva, nesta quinta-feira, Melo não deu prazo para o conserto das estruturas e disse não ser possível garantir recursos para essas obras. Segundo o prefeito, as melhorias estruturais dependem de repasses do Estado e da União.
— Não se refaz em dois meses, três meses ou em um ano aquilo que foi feito em 252 anos — disse o prefeito.
No caso dos diques, o relatório da prefeitura mostra que em alguns casos houve ruptura, em outros, extravasamento. Segundo a prefeitura, a solução dessas estruturas passa por análise de estabilidade, recomposição de cotas (altura máxima do diques), além da reconstrução e fechamentos de trechos danificados.
Nas casas de bombas, foram identificados três problemas: falta de energia, alagamento e destruição de painéis elétricos e de motores. As soluções, segundo a prefeitura, passam por estabelecer uma fonte de energia exclusiva para as casas de bombas, a construção de uma estrutura que permita instalar geradores, a proteção desses mecanismos contra alagamentos e a elevação dos painéis e motores.
No caso das comportas, foram identificados rompimentos e vazamentos. Em nove das 14, a decisão é pelo fechamento dos espaços. Nas demais, haverá substituição das comportas danificadas e criação de um sistema de vedação.
O diagnóstico está presente na apresentação do plano de recuperação de Porto Alegre, lançado pela prefeitura nesta quinta-feira. O documento também destaca a proposta da prefeitura da Capital para flexibilizar a lei municipal que estabelece a altura máxima de construções. O objetivo, segundo a prefeitura, é tornar a construção de edifícios populares mais atrativa para as construtoras, ampliando o interesse do setor na realização destes empreendimentos e viabilizando mais imóveis deste tipo no mercado.