A grande quantidade de resíduos que ainda estão em parte do bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, se somou à formação de novos alagamentos em áreas em que a água já havia reduzido. Segundo moradores e funcionários da limpeza das ruas, os detritos entram nas bocas de lobo, dificultando o escoamento da chuva e deixando acúmulos que afetam até a circulação de veículos.
Na Rua Josué de Castro, na Vila Brasília, uma caminhonete da Defesa Civil teve que dar a volta e não conseguiu seguir rumo à Rua Abílio Fernandes, porque a profundidade do alagamento poderia causar danos ao veículo. Nessa rua, montanhas de materiais descartados, como sofás, calçados, pedaços de portas e de móveis fechavam a passagem, sendo possível transitar apenas a pé.
Morador da Abílio Fernandes, o cilindreiro Kleber Saraiva Queiroz, 40 anos, estava preocupado com a família, caso tivesse alguma emergência.
— Estamos ilhados. De um lado, tem alagamento, de outro tem entulho. Minha mãe tem uma doença que seguido precisa sair de casa — comenta ele.
Outro vizinho, o técnico em refrigeração Luiz Alberto Olmedo Muniz, também reclama da situação.
— Tão limpando lá para cima quando a maior necessidade seria limpar aqui embaixo, onde tem a bomba 10 (estação de bombeamento do Dmae) — argumenta.
Na Rua Domingos de Abreu, equipes da prefeitura faziam a remoção dos detritos, mas a grande quantidade de materiais e os alagamentos afetam o ritmo dos trabalhos.
— Geralmente dá de uma a duas horas para tirar (cada pilha de entulho) quando é bastante coisa - estima o fiscal de serviços do DMLU, Leandro Santos.
Ele explica que carros estacionados dos dois lados da via e fios da rede elétrica podem atrapalhar o uso das retroescavadeiras, levando mais tempo para limpar tudo.