Porto Alegre

Força-tarefa
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Voluntários do Litoral trazem maquinário e limpam avenida da zona norte de Porto Alegre

Mobilização da associação dos municípios da região retirou 1,2 mil metros cúbicos de entulho do bairro São Geraldo

Isabella Sander

Repórter

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Uma força-tarefa de moradores do Litoral Norte retirou 1,2 mil metros cúbicos de lama e entulho da Avenida Pernambuco, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. O trabalho durou dois dias e aconteceu a partir de uma mobilização da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte).

No total, cerca de 30 pessoas de seis cidades da região participaram do "bota-fora" na quarta (29) e quinta-feira (30): Balneário Pinhal, Dom Pedro de Alcântara, Mampituba, Maquiné, Osório e Três Forquilhas. Com a ajuda de máquinas e caminhões, o grupo fez, em dois dias, 58 viagens até um centro de recolhimento dos rejeitos no Complexo Cultural do Porto Seco.

Para quem passava pela Avenida Pernambuco, era perceptível por onde a força-tarefa já havia passado: a imagem das calçadas sem pilhas de móveis, roupas e outras variedades de objetos trazia a lembrança de uma Porto Alegre de abril. Os comerciantes das quadras já limpas aproveitavam para avançar na faxina, agora com uma perspectiva maior de receber clientes.

— Ajuda bastante, porque aí tu já vai limpando a calçada. Se o tempo ajudar, seca essa lama, porque o cheiro é complicado — comenta Volmir Demaman, 53 anos, que esperava conseguir reabrir o bar e restaurante que mantém com os irmãos já na segunda-feira (3), mas perdeu a esperança quando viu que a retirada dos entulhos não abrangeu a lateral de seu comércio, virada para a Avenida Polônia.

Nessa região da cidade, a água atingiu uma altura de cerca de 1m50cm, segundo as marcas nas paredes. A maioria dos moradores e proprietários de estabelecimentos só conseguiu voltar para conferir os estragos no final da semana passada. Em um sushi bar localizado na esquina com a Avenida São Pedro, a pressa para começar a faxina fez com que fosse contratada uma empresa privada para carregar o entulho.

— Jogamos fora tudo o que tocou na impureza e já estamos no terceiro processo de limpeza. Primeiro, foi com ácido. Depois, com clorofina e sabão em pó. Agora, temos um terceiro, para acabamento. Aqui todo mundo pega junto — comentou Renan Cruz, 37 anos, que trabalha no local.

Auxílio retribuído

A mobilização no Litoral Norte surgiu de uma comoção dos moradores da região, menos afetada do que a Metropolitana. Um dos voluntários que pegou no pesado foi o prefeito de Maquiné e presidente da Amlinorte, João Marcos Bassani dos Santos.

— Resolvemos vir aqui ajudar Porto Alegre, porque acho que solidariedade é um gesto bastante importante. A gente já foi bastante atingido lá no litoral. Em junho do ano passado éramos nós, e a gente recebeu muita ajuda. Nada mais justo do que retribuir — observa Bassani.

O prefeito considera que o Estado inteiro é "um pouco porto-alegrense", por frequentar a Capital em busca de serviços e atendimentos, e se alegra por contribuir de alguma forma:

— Nunca vamos esquecer que a Avenida Pernambuco foi limpa por nós. Isso fica na nossa memória para sempre.

Aos 70 anos, Valmir Luiz Brocca, de Mampituba, fez parte do grupo de oito pessoas que o município trouxe para contribuir com os trabalhos. O idoso diz fazer há muito tempo voluntariado e se sentindo bem ao participar:

— Para mim é um prazer ver a cidade limpa, porque Porto Alegre é nossa. Fiquei muito triste com o que aconteceu, tanto na Capital quanto nos municípios ao redor. Fiquei chocado e tinha que vir aqui dar a minha contribuição.

Diferentes cenários

Em meio à força-tarefa, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, foi até a Avenida Pernambuco para agradecer. Segundo seus cálculos, em torno de 400 profissionais e quase 300 máquinas estão operando nos bairros inundados.

— Soma-se conosco o time do Litoral Norte e se somarão outros, além de muitos voluntários. É um apoio importante que vamos buscar: todos estão convocados para a limpeza da nossa cidade, que é um desafio, mas vai trazer um pouco de dignidade às famílias atingidas — avalia Melo.

O prefeito destaca que não adianta passar com os caminhões uma única vez por via: somente na Avenida Getúlio Vargas, por exemplo, foi necessário fazer o recolhimento quatro vezes, pois a população está regressando aos locais e fazendo os descartes em momentos diferentes. Por esse motivo, a prefeitura estuda espalhar contêineres pelas ruas, a fim de que os próprios moradores carreguem seus entulhos para os recipientes.

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