O Mercado Público de Porto Alegre teve a limpeza retomada nesta terça-feira (28). O trabalho havia começado no dia 23 de maio, mas teve que ser paralisado com os novos alagamentos que atingiram a Capital na semana passada, impedindo a continuidade da higienização. Durante a manhã, equipes da prefeitura e da empresa Stihl voltaram a fazer a retirada do lodo, que atingiu até a tubulação, e a desinfecção da área interna, com ajuda de hidrojato. A enchente causou estragos nas bancas, elevadores e escadas rolantes.
O sócio administrador da Casa de Carnes Santo Ângelo e presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Público, Rafael Sartori, prevê pelo menos R$ 500 mil de prejuízo.
— Me emocionei bastante. Eu tive a oportunidade de entrar e não quis. Meu coração apertou e eu não estava preparado para esse momento. O pouco que eu espiei nas aberturas tem freezer que virou, quebrou vidro, balcão que foi condenado ao descarte — descreve o permissionário.
Rafael diz que um levantamento interno apontou R$ 2 a 3 milhões em perdas de mercadorias do estoque. O Mercado Público faturava, em média de R$ 500 a 600 mil, por dia. Em 30 dias fechado, são 15 milhões de perda de receita com os funcionários sendo mantidos em casa.
— Vai ser preciso investir mais de R$ 10 a 15 milhões em estrutura nas lojas. A água bateu forte e a gente estima cerca de R$ 30 milhões em prejuízo — calcula Rafael, que acrescenta que já há um diálogo com o governo federal e com a prefeitura para buscar incentivos.
Os permissionários deverão entrar nas lojas e realizar o descarte de resíduos em uma segunda etapa, que está prevista para quinta-feira (30).
Conforme o secretário municipal de administração e patrimônio, André Barbosa, a prefeitura espera que o Mercado tenha uma abertura parcial entre 15 e 30 de junho. A operação será mais focada no segundo andar, que foi menos atingido.
— Estamos indo com calma e segurança nesse trabalho de limpeza — ressaltou, acrescentando que não há como dar prazo para uma retomada total das atividades.
A Vigilância Sanitária acompanhou o processo de desinfecção e passou diretrizes de saúde aos permissionários e trabalhadores. Funcionários da limpeza estavam equipados com máscaras e roupas especiais para evitar contaminação. Segundo o secretário, haverá um cuidado para que os materiais descartados não ofereceram risco à população.
Enchente de 1941: nova marca dentro do Mercado
prefeitura de Porto Alegre mediu nesta terça-feira (28) o nível da enchente no Mercado Público. O local escolhido é o mesmo da placa com a marca da inundação de 1941, na parte interna, junto ao portão de acesso pelo Largo Glênio Peres.
Por muitos dias, a placa da outra grande enchente ficou submersa. Ela indica a altura da água em 8 de maio de 1941. O secretário municipal de Administração e Patrimônio, André Barbosa, fez a medição do nível de enchente de 2024: um metro e meio. Precisamente, 150,5cm. Considerando a base inferior da placa, como a prefeitura fez a medição, a cheia agora foi 41cm superior à inundação de 1941. Nas paredes externas, a sujeira na parede também indica nível de 1m50cm na atual enchente.