A água voltou a subir em alguns bairros de Porto Alegre. A série de alagamentos atingiu ruas do Menino Deus, Praia de Belas, Cidade Baixa e Santana, bem como as avenidas 24 de Outubro, Cairú, Farrapos e Cristóvão Colombo. Na Zona Sul, as avenidas Cavalhada, Beira-Rio e Edgar Pires de Castro também foram inundadas, com registros de desmoronamento.
Na tarde da última quarta-feira (22), os moradores do Menino Deus foram surpreendidos pelo aumento do nível de água nas ruas. Inicialmente, o Dmae informou que a culpa seria da gravidade. A água deveria escoar para o Arroio Dilúvio, mas, como o nível do Guaíba está alto e o arroio está cheio, a água retornou pelos bueiros.
Mais tarde, em publicação realizada na rede social X (antigo Twitter), o órgão afirmou que a inundação ocorreu pelo desligamento da Estação de Bombeamento de Água Pluvial (Ebap) 16, resultando no transbordamento da água pelos bueiros.
Mudança de cenário
Na manhã desta quinta-feira (23), em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Joicineli Becker, diretora de tratamento de Água e Esgotos do órgão, atribuiu o problema à dificuldade no escoamento da água da chuva, devido à obstrução dos bueiros por areia, lixo e outros detritos.
— Com o nível da chuva, depois de tantos dias de inundação, as redes de escoamento estão obstruídas. Estamos vendo o acúmulo de água da chuva — destacou.
Além disso, o Dmae informou, via rede social, que a Ebap 12, responsável por retirar a água da região, está operando com capacidade reduzida. Durante a entrevista, Joicineli afirmou que o problema ocorria por limitações de energia para aumentar o bombeamento.
Em um vídeo publicado no Instagram no início desta tarde, o diretor-geral do órgão, Maurício Loss, justificou o alagamento pelo volume de chuva na Capital, que estaria "além do que os modelos previam". A chuva intensa, no entanto, já havia sido sinalizada pelo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na quarta-feira, com alerta para rajadas de vento de até 60km/h na Lagoa dos Patos e chuva de até 70mm até sexta-feira.
Loss também destacou que as equipes atuam para ampliar o trabalho das casas de bomba número 12, 13 e 16, que drenam a água da região dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus, e estão realizando a limpeza para remover o lodo e a areia da rede pluvial.
No mesmo vídeo, o coordenador da Defesa Civil Municipal, Evaldo Rodrigues, pediu que a população monitorasse o nível da água.
— Com esses acumulados, as áreas que já tinham sido atingidas por inundações permanecem em atenção. Nós solicitamos que a população desses locais monitorem a situação, e, caso necessidade, busquem abrigo em um local seguro — alertou.
Comportas do Guaíba e casas de bomba
A Prefeitura de Porto Alegre e o Dmae determinaram, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta, o fechamento das comportas do Muro da Mauá que haviam sido abertas anteriormente, para o escoamento da água para o Guaíba. No X, o departamento afirmou que o nível das águas "tende a subir alguns centímetros a partir de amanhã".
Já às 15h35min, o Dmae informou que 10 Ebaps estão em funcionamento na cidade. O alagamento na casa de bombas número 13 impediu a ligação do gerador, ideia levantada pelo Departamento no final da manhã. A Ebap 16 funciona normalmente.
O sistema de escoamento está parcialmente entupido, o que também dificulta a passagem da água bombeada pelas estações. Devido à elevação do nível dos arroios que desembocam no Guaíba, nas regiões onde não existem casas de bomba, a água da chuva não tem para onde ir e retorna pelos bueiros. Por isso, bairros da zona sul da Capital voltaram a apresentar regiões com alagamento.
Até o momento, a previsão do órgão é de que não falte água nos lugares onde o abastecimento já foi reestabelecido nos últimos dias.
— Garantir que não possa haver um desabastecimento de água, a gente não pode garantir. Há uma expectativa de não, porque o sistema está agora mais protegido — disse Maurício Loss, em entrevista com o prefeito Sebastião Melo.