Os moradores do bairro Cidade Baixa reviveram as cenas do início de maio. Com a forte chuva que caiu sobre Porto Alegre, ruas que já haviam secado na última semana voltaram a ficar alagadas no final da manhã desta quinta-feira (23).
— Nós havíamos acabado de trocar os aparelhos eletrônicos do portão do condomínio, que pararam de funcionar com a enchente. Custou R$ 2 mil. E agora a água está subindo de novo — lamentou Marcel Barbosa, síndico de um condomínio na região.
Entre as ruas mais atingidas estão a Baronesa do Gravataí, Joaquim Nabuco e parte da Luiz Afonso. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) divulgou às 18h que há bloqueio total por acúmulo de água no cruzamento da Avenida Loureiro da Silva com a Lima e Silva e na Avenida Praia de Belas, por volta do número 799, onde está localizado o Tribunal de Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
Embora a água não tenha atingido o mesmo nível das semanas anteriores, chegando no máximo à altura dos joelhos, desta vez ela veio acompanhada de muito mais lixo.
Conforme pedido pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), os moradores que haviam sido atingidos pela enchente deixaram seus móveis e utensílios domésticos que foram danificados nas calçadas. E, como não houve tempo de recolhimento de todos os entulhos, foi possível ver resíduos espalhados, boiando sobre a água.
— É a quarta enchente aqui na rua em menos de um ano. A gente não aguenta mais. Na última, pediram para a gente colocar os móveis molhados na rua, mas nem vieram recolher. Está tudo boiando agora. Alguns moradores do térreo nem tinham voltado para casa e agora tem gente que está pensando em ir embora — desabafou Tássia Matos.
Na rua Joaquim Nabuco os próprios moradores improvisaram um bloqueio para evitar que veículos tentassem trafegar pelo local.
— Os carros estão passando e estão fazendo ondas. Isso entra nos apartamentos do térreo, que acabaram de limpar tudo. O dono da ferragem nos cedeu uma fita e fechamos a rua, senão o pessoal vai perder o que restou — explicou o comerciante Sandro de Oliveira.
Lugares novos
Se o sofrimento foi repetido para alguns, para outros veio com ar de ineditismo. Um exemplo foi o cruzamento das ruas da República e Lima e Silva, que passou incólume na enchente do início do mês, mas desta vez foi engolida pela água que vertia dos bueiros localizados nas esquinas.
— Aqui não tinha alagado da outra vez, mas hoje (quinta-feira), com essa pancada que deu, a água subiu dos bueiros muito rápido. Quando a chuva diminuiu, ela recuou. Ainda bem, não subiu aqui na lanchonete — relatou o comerciante Renato Souza.