A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) emitiu nota de solidariedade aos parentes de atingidos pelo incêndio na pousada Garoa, que aconteceu na madrugada de sexta-feira (26) em Porto Alegre, na Avenida Farrapos. Dez pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas. O caso é considerado o maior em número de mortes desde 1976 na Capital. No caso da boate Kiss, foram 242 vítimas, em maioria jovens, em um incêndio na cidade de Santa Maria, em 27 de janeiro de 2013.
A entidade destacou a necessidade de autoridades fazerem "fiscalização constante" e da regularidade da documentação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI). A AVTSM ainda alertou que, após sucessivas tragédias, "é necessário que a iniciativa privada tome todas as medidas cabíveis para a segurança de qualquer estabelecimento". A prefeitura de Porto Alegre tinha convênio com a pousada Garoa e servia como abrigo para pessoas em situação de vulnerabilidade. O local não possuía PPCI para funcionamento como pousada, informou o Corpo de Bombeiros.
Confira a íntegra da nota da AVTSM:
"A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) vem a público se solidarizar com os familiares das vítimas e dos sobreviventes da tragédia da pousada Garoa, ocorrido nessa madrugada em Porto Alegre. Desde que a tragédia da boate Kiss aconteceu, em 27 de janeiro de 2013, nós, pais, mães, familiares e sobreviventes alertamos sobre a relevância da fiscalização constante e da vital importância de documentação como o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) e alvará de funcionamento.
É preciso, de uma vez por todas, que o poder público entenda sua função precípua de agente que representa e está ao lado dos cidadãos e das cidadãs na defesa de suas vidas. É necessário, de uma vez por todas, que a iniciativa privada tome todas as medidas cabíveis para a segurança de qualquer estabelecimento do qual seja responsável. Estamos falando de vidas acabadas, de trajetórias interrompidas e de seres humanos devastados. Se aquilo que passamos em Santa Maria não serviu para aprenderem alguma coisa, o que mais pode ser exemplo? Não existe como mensurar tamanha crueldade.
Destacamos aqui o que escreveu, nessa sexta-feira (26), o cineasta Luiz Alberto Cassol (diretor do documentário Janeiro 27, sobre a tragédia da Kiss).
'Se aquela atroz experiência tivesse tomado a proporção de responsabilidade que deveria, onze anos depois não teríamos o incêndio dessa madrugada na pousada em Porto Alegre que tirou a vida de dez pessoas e deixou outras gravemente feridas. Enquanto as iniciativas público e privada não pensarem de forma responsável, e sem omissões, as tragédias continuarão acontecendo. Mas isso, mães e pais das vítimas fatais da Kiss e sobreviventes daquela tragédia, gritam por dias, meses e anos e quase ninguém lhes dá a devida escuta e importância. Triste e sórdido.'
Tragédias Brasil afora comprovam o que estamos afirmando nessa nota. A sociedade não pode aceitar que tragédias assim continuem acontecendo impunemente no país. Trata-se de um escárnio contra a civilização. Portanto, estamos à disposição dos familiares das vítimas de Porto Alegre. Contem conosco em absolutamente tudo."