O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, se manifestou sobre o incêndio que causou ao menos 10 mortes em uma pousada na Avenida Farrapos, na madrugada desta sexta-feira (26). Em entrevista ao programa Atualidade, da Gaúcha, Melo falou a respeito do convênio que o local mantém com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc).
— Vamos ter de revisar profundamente. Talvez romper o convênio. Mas preciso ter acolhimento em outras pousadas. Não posso deixar as pessoas na rua. Vou tomar providências, mas provavelmente é o caminho de romper — destacou (veja no vídeo acima).
A pousada servia de abrigo para pessoas de situação de vulnerabilidade. No entanto, de acordo com o Corpo de Bombeiros, não possuía alvará e nem Plano de Proteção contra Incêndio (PPCI). No local, havia 60 vagas divididas em dois prédios, das quais 16 eram custeadas pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
— Na licitação, me parece que apresentaram documentos. Não me cabe, nesse momento, fazer qualquer tipo de observação. Quero ver se tinha, se as vagas eram para esse local. Os Bombeiros são a fonte para isso. Cabe a eles fiscalizarem o PPCI — pontuou, ainda sem muitos detalhes da parceria. — Entre e o papel e a realidade, há uma diferença. O gestor faz o que a lei permite. A lei da licitação mudou. Tem um checklist. Quem não apresenta é desclassificado. Com certeza, no momento, ela apresentou. Agora, cabe apuração, com responsabilidade de prefeitura, mas também dos Bombeiros, a quem cabe emitir e fiscalizar o PPCI — acrescentou.
Ao chegar ao local, enquanto prestava solidariedade às famílias das vítimas e falava sobre o episódio, o prefeito foi vaiado por moradores, sob gritos de "Fora, Melo" (veja abaixo).
O Instituto Geral de Perícia trabalha para fazer a liberação dos corpos das vítimas. Posteriormente, uma outra equipe irá trabalhar na apuração das causas do incêndio.
— A investigação é que vai apontar as razões. A prefeitura vai aportar todos os documentos que tem na Fasc. É uma empresa privada que tem contratos com a prefeitura. Ela ganhou a licitação. Isso vem de 2017. Teve uma licitação do ano passado — afirmou Melo.
O incêndio ainda deixou outras 15 pessoas feridas. Seis foram levadas para o Hospital de Pronto Socorro — quatro delas estão em estado grave, duas, entubadas, uma no bloco cirúrgico, e um caso é de menor gravidade. Outros dois feridos foram encaminhados para o Hospital Cristo Redentor, na Zona Norte, onde um deles chegou com 20% do corpo queimado.