Um prédio no Centro Histórico de Porto Alegre vem causando temor a moradores e pedestres das ruas Riachuelo e Marechal Floriano Peixoto. Trata-se da Casa Azul, construída, segundo historiadores, há cerca de 150 anos, entre as décadas de 1870 e 1880.
O local, que já foi fábrica de chapéu militar, sede de lojas e restaurantes, hoje é estampado com largas rachaduras. Sem telhado, o edifício é quase oco, possuindo apenas a estrutura de fora e fragmentos de partes no interior. As paredes são firmadas por estruturas de metal e madeira para que a casa não desabe sobre a vizinhança.
— Agora as rachaduras estão aumentando cada vez mais e, como aqui tem um grande movimento de perdestes e carros, o risco é muito grande para essas pessoas — contou a empresária Marcia Bissol do Amaral, moradora da localidade há 22 anos, em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV, na quarta-feira (5).
O jogo de empurra começou no fim da década de 1990, depois de um incêndio em uma ferragem ter fragilizado a construção, que acabou não sendo recuperada pelos proprietários. A questão foi parar na Justiça quando o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública contra o município e os proprietários pelo descaso com o imóvel, pedindo providências. Enquanto o imbróglio se arrastava, a casa transformou-se em um risco real à circulação: há anos, a fachada é sustentada por tirantes e a parte térrea foi isolada por tapumes.
O casarão sofre risco de queda desde 2018. Devido a isso, a administração da cidade isolou o prédio e parte da rua em que está localizado, a Riachuelo. Segundo reportagem de GZH, a casa foi devolvida aos proprietários em 2020, após acordo judicial. Os donos deveriam executar as reformas necessárias para que o prédio não desabasse. A via, no entanto, segue interditada há um ano e meio.
Ao Jornal do Almoço, a prefeitura admitiu que a fachada precisa ser restaurada e disse que está tomando providências para resolver o problema. No entanto, não informou um prazo para resolver.
— Nós estamos trabalhando com a ideia de desapropriação do imóvel para tentar agilizar o processo. Para tanto, nós pedimos para a equipe de Patrimônio Histórico do município, da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC), apresentar os elementos necessários para a preservação, que quem for o proprietário deve manter. Ao mesmo tempo, há um pedido para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) para que apresente o potencial máximo construtivo naquela área — disse Nelson Marisco, procurador-geral adjunto de domínio público de Porto Alegre, sobre os planos para o imóvel.