Dentro do ecossistema de inovação, um dos termos usados é unicórnio: o animal do imaginário infantil é o nome dado a startups que alcançam US$ 1 bilhão (o equivalente a mais de R$ 5 bilhões) de valor no mercado. Empresas que já atingiram esse status, brasileiras ou estrangeiras, estarão representadas nesta edição do South Summit, que começa nesta quarta-feira (29) e se estende até sexta (31), no Cais Mauá, assim como outras que ainda traçam o caminho para chegar lá.
A definição mitológica para um ser raro se aplica também ao mundo dos negócios. Em 2021, em um momento de crescimento, 11 iniciativas brasileiras ganharam a classificação, mas no ano passado foram apenas duas, explica Débora Chagas, uma das embaixadoras do South Summit. Também diretora de novos negócios da Numerik, ela diz que alcançar 10 dígitos envolve uma série de fatores, como investimento.
— Para chegar a unicórnio tem que ter grandes investimentos, mas tem startups que crescem de forma mais orgânica, mais sustentável. O iFood, por exemplo, queimou muito caixa em mídia na TV — contextualiza.
O Brasil encerrou 2022 em 10º lugar no ranking de unicórnios. Até o final de 2022, eram 23 startups bilionárias no país, número relacionado diretamente ao mercado.
— Segue o movimento de retração de investimentos. Os investidores estão mais exigentes, querem menos risco, avaliam mais profundamente se aquela startup está com números mais consistentes — define Débora.
Em números, o valor investido nesse segmento no Brasil em 2021 foi de US$ 9,8 bilhões, enquanto em 2022 caiu para US$ 4,45 bilhões, praticamente a metade. Das iniciativas que nasceram no Brasil, algumas são bem conhecidas do grande público: Nubank, 99, iFood e C6 Bank são alguns exemplos.
Apesar de não ser uma regra, a maioria das empresas atua com tecnologia. As startups podem ser classificadas conforme o segmento, como por exemplo foodtech (alimentação), edtech (educação), healthtech (saúde), fintech (finanças) ou RHtech (recursos humanos).
Uma das características dos unicórnios é a escalabilidade, ou seja, a capacidade de se adaptar, além de crescer bem mais do que os custos. Débora ainda pontua que as empresas costumam ter boas estratégias de marketing, ou seja, estão sempre trabalhando para conquistar novos usuários:
— O que têm em comum é que, em todas o centro, é o cliente. Isso é algo que se fala de modo geral, mas na prática é difícil, muitas empresas estão voltadas para dentro, para seus processos. Os unicórnios têm os clientes no centro, sempre pesquisando como entregar melhor para seus usuários, novos serviços. Tudo isso, ao lado do crescimento acelerado, é importante para virar unicórnio.
Como o South Summit é local de network, reúne fundos de investimentos e é onde passam empresas de diferentes segmentos e formatos, é possível que nomes presentes nesta edição sejam futuros unicórnios. A competição de startups é uma das possibilidades, já que serve como uma espécie de vitrine para quem deseja atrair aporte financeiro para o crescimento de um negócio. Das startups que participaram no ano passado da competição, nenhuma ainda chegou a status de unicórnio, mas muitas delas, explica a embaixadora, estão no começo da jornada.
Conselho para alcançar o topo
Um dos unicórnios presentes na edição deste ano é o Mercado Bitcoin, que surgiu em 2013 e chegou aos 10 dígitos em 2021, quando recebeu novo aporte. Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, dá um conselho para quem trilha esse caminho:
— Focar em um desafio que consiga resolver bem. Se você consegue resolver um problema de forma cem vezes melhor do que as soluções existentes, vai garantir seu espaço. A partir disso, é fundamental para a startup organizar um plano de negócios sustentável, com definições claras sobre time, tecnologia e geração de valor para que possa interagir, quanto antes melhor, com potenciais investidores. Para isso, é importante reservar tempo e energia para participar de programas de aceleração e eventos de relacionamento com Venture Capital (VC).
Conheça as desta edição
Veja alguns dos unicórnios presentes nesta edição do South Summit:
Clara
- Startup latino-americana de finanças. Nasceu no México e tem atuação no Brasil. A fintech ajuda companhias na gestão de gastos com soluções que facilitam o planejamento financeiro e orçamentário. Gerry Giacomán Colyer, cofundador e CEO, é um dos speakers confirmados no South Summit Brasil.
Ebanx
- É uma plataforma brasileira que age como intermediária de pagamentos para sites nacionais e também internacionais. Os pagamentos do Spotify, por exemplo, usam essa tecnologia que permite a usuários brasileiros pagarem em real sem converter para outra moeda do serviço. Paula Bellizia, presidente global de pagamentos, representa a fintech.
Factorial
- É uma startup espanhola que atingiu a marca de unicórnio em 2022. Oferta serviços digitais de RH, automatizando processos que antes eram feitos de forma manual. Renan Conde, diretor das Américas, é um dos speakers confirmados no South Summit.
Frete.com
- A plataforma brasileira é uma solução para logística e transportes, conectando caminhoneiros e transportadoras, além de reduzir a capacidade ociosa dos veículos e ajudar na segurança das cargas. No South Summit, estará representada pelo CEO Federico Vega.
Mercado Bitcoin
- Foi fundada em 2013, quando adquirir uma bitcoin era praticamente impossível para pessoas que não fossem ligadas à tecnologia. Presente pela segunda vez no South Summit, será representada por Reinaldo Rabelo de Morais Filho, CEO.
Kushki
- É uma fintech nascida no Equador para soluções de pagamentos. A startup permite que empresas latino-americanas recebam pagamentos de todo o mundo em sua moeda local. O vice-presidente de aceitações e prevenção de fraudes, Henrique Vicentini, é nome confirmado entre os speakers desta edição.