O Centro Histórico de Porto Alegre está sinalizado em diferentes vias em função de obras. Na região, ocorre a construção e modernização de duas novas redes subterrâneas de distribuição de energia, com extensão de 8,2 quilômetros.
— Estamos fazendo a colocação de novos cabos de energia e construindo dois novos alimentadores de energia para aumentar a potência do crescimento do Centro — explica o superintendente técnico da CEEE Equatorial, Julio Hofer, que acompanhava as ações nesta segunda-feira (16).
A reportagem de GZH esteve em três dos locais onde os trabalhos estão sendo executados — na Avenida Borges de Medeiros, nas imediações da esquina com a Rua Demétrio Ribeiro, na Rua Washington Luiz, em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), e na Avenida Loureiro da Silva, onde fica o Monumento aos Açorianos.
Na Avenida Borges de Medeiros e em pontos adjacentes a nova rede de cabos está sendo instalada. Trata-se da saída da subestação quatro, que parte da altura do Praia de Belas Shopping. Neste momento, ocorre a limpeza dos dutos por onde os cabos passarão.
O veículo que abriga o laboratório móvel da concessionária participa das operações. Os computadores realizam o diagnóstico termal, identificando pontos no subsolo com algum problema. Isso proporciona que seja feita uma ação preventiva nos dutos quando alguma anomalia é encontrada.
— Temos um dispositivo para localizar o defeito. Os problemas mais comuns acontecem quando cabos se rompem — diz o engenheiro Walter Schubert, que coordena o equipamento vindo da Suíça.
Nesta segunda-feira, as equipes sugavam água para fora de alguns trechos. Apenas nos dois lados da Avenida Borges de Medeiros, os trabalhos para instalação dos cabos devem seguir por mais 30 dias.
Na Rua Washington Luiz, em frente à sede da OAB-RS, a reportagem pôde ver um transformador novo e outro da década de 1970, que ainda será substituído. A rede subterrânea de Porto Alegre conta com 361 transformadores.
Por sua vez, no entorno do Monumento aos Açorianos, debaixo de sol intenso, operários inseriam os cabos dentro dos dutos.
O serviço será realizado ainda entre as ruas dos Andradas, General Bento Martins, Coronel Fernando Machado, com extensão para algumas vias adjacentes até a Rua da Conceição.
A previsão de conclusão dos trabalhos é para daqui cinco meses. Porto Alegre possui cerca de 200 quilômetros de redes subterrâneas.
Vereadores querem retirada da fiação aérea em até 15 anos
Conforme GZH noticiou em dezembro do ano passado, a Câmara de Vereadores aprovou projeto de lei que estabelece a retirada da fiação aérea das ruas de Porto Alegre em até 15 anos.
Pela proposta dos vereadores Fernanda Barth (PSC) e Cassiá Carpes (PP), as redes de infraestrutura de cabeamento para a transmissão de energia elétrica, de telefonia, de comunicação de dados via fibra óptica e de televisão a cabo deverão ser exclusivamente subterrâneas.
O superintendente técnico da CEEE Equatorial, Julio Hofer, explica por qual motivo ainda se vê tanta fiação aérea no Centro:
— Ainda temos parte da iluminação pública e da telefonia na viação aérea. Esta é uma estrutura de comunicação, não de energia elétrica.
Mesmo que o projeto de lei seja sancionado pelo prefeito Sebastião Melo, a situação não é tão simples de ser resolvida.
— No Brasil, há uma predominância da rede aérea por ela ser mais barata. Como todo investimento, ele acaba diretamente impactando a tarifa da população. O órgão regulador (Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel) exige que a gente faça investimentos prudentes — afirma Hofer, acrescentando: — As legislações municipais devem ser alinhadas com o órgão regulador federal para que a concessionária possa fazer parte dessa construção.
Se o projeto de lei for sancionado, será necessário fazer um novo contrato com a CEEE Equatorial, ou encontrar um modelo, como uma parceria público-privada, uma espécie de concessão do subsolo, para uma empresa fazer os dutos e explorá-los comercialmente, com outras empresas pagando para ela a hospedagem dos fios no espaço subterrâneo.