Em meio aos problemas decorrentes dos bloqueios em rodovias brasileiras, a gaúcha Alessandra Pereira de Andrade, 47 anos, tenta recuperar sua cadela, que era levada para o Paraná por um motorista contratado, mas que foi preso durante o trajeto, em Santa Catarina. Moradora de Porto Alegre, ela afirma que contratou o homem para levar Nina até a casa de uma amiga, em Curitiba, porque está com problemas de saúde e precisará fazer uma cirurgia. Conforme informações recebidas pela tutora, o animal está com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Joinville, no Estado vizinho.
Alessandra conta que a viagem começou no domingo (30), por volta das 15h, quando o homem buscou Nina em sua casa. O valor do serviço foi de R$ 500, pagos à vista, e o combinado era de que a cadela seria levada com o cinto de segurança — que foi comprado pela tutora — no banco traseiro. A previsão de chegada em Curitiba era até as 3h de segunda-feira (31).
A tutora tinha o compartilhamento de rota do motorista, mas afirma que, por volta da 1h30min de segunda-feira, se encerrou e passou a não receber mais respostas do contratado. A amiga do Paraná também não tinha nenhuma notícia.
— Não queria deixá-la em um hotel, mesmo sabendo que seria bem cuidada, porque queria alguém que desse uma atenção especial para ela. Então, fui procurar nesses grupos de transporte do Facebook. Contatei algumas empresas, mas levavam em caixas empilhadas e achei ruim. Daí, encontrei essa pessoa, que levava no carro, com cinto de segurança, tinha outros anúncios dessa pessoa como sendo motorista da empresa BBrasil, então contratei — relata Alessandra.
Após perder o contato com o motorista, a dona do animal decidiu acionar a empresa, mas descobriu que o homem não tinha mais nenhum vínculo com a companhia e trabalhava por conta. A gaúcha seguiu tentando localizar a cadela, sem nenhuma informação, até que, na noite de terça-feira (1º), o motorista lhe enviou uma mensagem afirmando que havia se envolvido em um acidente de trânsito e sido preso. Depois, foi colocado em liberdade por decisão da Justiça.
— Como ele me mandou a cópia do alvará de soltura, comecei a entrar em contato com os órgãos de proteção animal da região e com a polícia. Daí, descobri que ela está na Polícia Rodoviária Federal de Joinville. O problema é que ele voltou para casa, e o carro, que era de uma locadora, foi apreendido e os documentos da Nina estão todos dentro desse automóvel e, por isso, não consigo a liberação dela — explica Alessandra.
Segundo a tutora, mesmo sem ter relação com o problema, Felipe Saturnino Brasil, proprietário da empresa BBrasil Transportes, de Santa Catarina, se responsabilizou de tentar trazer Nina de volta. Entretanto, é preciso apresentar ao menos um atestado de viagem para que a cadela seja liberada:
— Eu mandei foto da Nina para os agentes da PRF, eles mandaram foto de volta para mim para dizer que ela estava bem, só que precisam no mínimo de um atestado da veterinária. E a gente não consegue contatar a veterinária porque hoje é feriado, só consigo falar com ela amanhã.
O contato também fez com que Alessandra e Brasil identificassem ao menos outros quatro clientes que haviam contratado o serviço do motorista. No momento do acidente em Santa Catarina, além de Nina, um filhote da raça fila-brasileiro também estaria no carro. De acordo com eles, esse animal ainda não foi localizado.
Brasil garante que o homem contratado pela gaúcha nunca teve vínculo como sócio ou funcionário da companhia. Ele afirma que começou a ajudá-lo meses atrás e que tinham “uma parceria”, até cortarem relações.
— Ele utilizou o nome da minha empresa ao contatar pessoas precisando de transporte doméstico de animais e houve esse absurdo. Eu não consegui localizar um cachorro ainda, mas quero deixar bem claro que a minha empresa só faz os transportes mediante contrato assinado pelos clientes — ressalta.
Para Alessandra, o motorista teria afirmado que tentaria recuperar o carro e os documentos, mas que, no momento, não tinha condições de ir buscar Nina. A gaúcha diz que pretende mover uma ação contra o homem, mas que, antes de tudo, quer recuperar sua cadela:
— Primeiro, quero garantir que ela esteja a salvo comigo ou com essa minha amiga de Curitiba. Depois, vou fazer os procedimentos legais, porque isso não pode ficar assim. A Nina vivia comigo dentro de casa, dormia na cama, e agora teve de passar por toda essa situação muito ruim. E eu tentei contratar o que seria mais confortável para ela.
Nina é de porte médio, pesa quase 20 quilos e não tem raça definida. Ela foi resgatada da rua com um mês de vida, por uma amiga de Alessandra, e mora com a gaúcha desde janeiro de 2021.
— Fiquei desesperada sem notícias dela, me sentindo culpada por não ter buscado mais informações. Mas fiquei desesperada por ela estar nessa situação. Se pudesse sair de casa agora e ir buscá-la, eu iria, mas não tem como — lamenta Alessandra.
GZH tentou contato com a PRF de Santa Catarina nesta quarta-feira (2), mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.