Com cartazes e gritos de "envenenar animais é crime", um grupo de cerca de 50 frequentadores e uns 25 cachorros se reuniram na Praça Frank Long, no bairro Passo d' Areia, na zona norte de Porto Alegre, para protestar contra as tentativas de envenenar os cães com pedaços de carne e salsicha contaminados. O ponto de encontro dos animais, onde tem sido localizados esses alimentos, é a quadra esportiva da praça, que serve como cachorródromo improvisado há cerca de seis anos. Os tutores reclamam também de rojões atirados contra os cães.
— Estamos fazendo essa manifestação pra que a gente possa continuar frequentando a praça com os nossos cachorros em harmonia com a comunidade. Há cerca de um ano estamos recebendo essas agressões contra os cachorros por causa do nosso convívio aqui. Já foram três casos em que largaram comida com veneno aqui na praça e três casos de rojão, sendo que um deles quase acertou uma pessoa, além de já terem caído em espaços frequentados pelas crianças na pracinha. Queremos que isso acabe, estamos aqui para tentar resolver a questão de forma amigável — afirma Anete Kirsch, que tem 29 anos e frequenta a praça há dois anos e meio com a cadela Arya, da raça husky.
No primeiro semestre de 2022, um dos cães, Catatau, chegou a precisar ficar internado por dois dias no hospital veterinário após ingerir salsichas envenenadas, mas sobreviveu.
— Isso foi em maio e desde então tivemos outro caso em que encontramos salsichas com veneno e mais recentemente bolinhas de carne. A gente sempre chega e dá uma olhada para ver se não tem nada jogado na quadra — afirma a tutora de Catatau, Nathalia Castro, de 28 anos.
No início de outubro, um dos usuários do espaço registrou boletim de ocorrência sobre as tentativas de envenenamento e a Polícia Civil está investigando o caso. O delegado Alexandre Vieira, titular da 9ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre, confirmou à reportagem que sua equipe está ouvindo pessoas e que a investigação está avançando no sentido de estabelecer a autoria. A polícia está pedindo imagens de câmeras de segurança dos arredores do local para contribuir com as investigações e a expectativa é chegar ao autor ou autores nesta próxima semana.
O clima é tenso também pela questão do local, que é público mas tinha sido, de certa forma, adotado pelos frequentadores, com a instalação de algumas estruturas. Nesta semana, a partir de uma denuncia anônima, a Secretaria do Meio Ambiente Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) removeu lixeiras, bebedouros da quadra poliesportiva da Praça Frank Long por terem sido colocados em local inadequado para o uso a que se destina o espaço, conforme o órgão declarou por meio de nota. O texto diz ainda que a subprefeitura da região abriu um processo interno para realização de um Estudo de Viabilidade Técnica para instalação de um cachorródromo no local.
"A prefeitura reitera que o espaço é público e que todas as obras de melhoria ou adequação dos equipamentos devem ser aprovadas pelo poder público e que está à disposição para conversar com a comunidade do entorno sobre a melhor utilização da área. Um formulário será disponibilizado para identificar junto à população as prioridades quanto aos equipamentos da praça."