O homem preso em flagrante após enterrar uma cachorrinha viva no pátio de casa foi posto em liberdade. Ele foi detido na terça-feira (13), em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, e ficou quatro dias na cadeia. Ele deixou a carceragem nessa sexta (16), de acordo com a delegada Tatiana Bastos, da 4ª Delegacia de Polícia de Canoas. Segundo a investigadora, a defesa obteve o “afastamento da fiança” e o cliente pôde ir para casa sem pagar o valor estipulado pela Justiça, de um salário mínimo. O homem, que não teve o nome divulgado, responderá pelo crime em prisão domiciliar.
Tatiana prevê finalizar o inquérito nos próximos dias, com indiciamento do suspeito por crueldade contra animais, na forma qualificada.
Socorrida às pressas ao Hospital Veterinário da Ulbra, a cadelinha ganhou o nome de “Hope”, palavra que significa esperança, em inglês. A escolha foi das equipes que a atenderam. Quando chegou ao hospital, a vira-lata estava com a temperatura corporal muito baixa e com poucos sinais vitais, pelo diagnóstico da veterinária Anna Carolina Marques.
Em um quadro de recuperação definido como “acima do esperado”, ela reagiu e já não corre risco de morte, apesar de ter uma ferida profunda no pescoço, devido a uma corda usada para sufocá-la. Confrontado pelos brigadianos do 15º Batalhão de Polícia Militar, no momento do flagrante, o homem se defendeu argumentando que sepultou a cadelinha porque ela parecia já estar morta.
O soldado Lucas Camara Goldani, que será o fiel depositário e tutor temporário enquanto o processo não é concluído, relembrou a cena encontrada, um dia após o resgate:
— Eu abri o buraco e vi a cachorrinha ainda se mexendo. Não tem como não se comover ao lembrar da cena. Liguei pra minha esposa e ela concordou em adotar. Foi o que aprendi com a minha mãe, resgatar os animais da rua — comentou o soldado.
O caso ganhou repercussão nacional e mobilizou entidades de auxílio a animais. A cachorrinha conquistou as atendentes da instituição veterinária, e houve uma saudável disputa por sua adoção.
Hope está com sintomas de tétano, e tem previsão de permanecer internada durante a próxima semana, informa a Ulbra. Ela está recebendo soro antitetânico e antibióticos para o tratamento.
A Lei 14.064 de 2020, sobre maus-tratos a cães e gatos, trouxe ampliação das penas por estes delitos, que agora ficam entre dois e cinco anos de reclusão, bem como a possibilidade de conversão dos flagrantes em prisão preventiva. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 190.