Após sofrer tentativa de furto em setembro, foi recolocada na Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre, a placa-testamento que reproduz as últimas palavras do ex-presidente Getúlio Vargas antes de cometer suicídio, em 1954. A recolocação da peça ocorreu na segunda-feira (24).
A obra é de autoria do uruguaio radicado no Rio Grande do Sul Mario Cladera, que em 24 de setembro retirou a placa da praça na intenção de protegê-la de outra tentativa de furto e, também, de vandalismo. Cladera explica que buscou um novo método de fixação das duas placas, que são de alumínio anodizado, na pedra, usando cola epóxi e parafusos de aço inox.
— Realizei uma série de furos no granito, peguei parafusos de aço inox e foi nivelado com massa de cimento. Utilizamos cola de poliuretano, que é a mais forte que existe, e está fixada com parafusos em cada uma das pontas — contou
O artista pontua que o método dificulta o processo de furto e detalha que, se houver uma nova tentativa de retirada, a placa sairia aos pedaços e seria mais dificultosa a venda ilegal do material. Ele conta também que os comerciantes dos arredores também estão ajudando na segurança da obra.
— A placa fina e leve é visualmente muito bonita, mas não tem uma quantidade de metal que permita algum lucro — completou.
A peça original, em bronze, foi levada em 1966, 11 anos após a inauguração, e precisou ser substituída em 1975 por uma placa de aço, que foi novamente furtada, em 2014. Desde então, foi instalada uma peça em metal mais barato, como tentativa de desencorajar os crimes. No início do ano, a placa foi furtada mais uma vez.
A pedra onde a carta-testamento está fixada é de granito rosa, da época de quando ainda era permitida a extração, e pesa ao menos seis toneladas. Cladera conta que foi doada por um militante do partido de Getúlio Vargas (PTB) que era dono de uma pedreira.
A obra foi recolocada em 24 de agosto e sofreu nova tentativa de furto em 20 de setembro, dessa vez frustrada por um segurança de uma loja próxima à praça. Após ser retirada por precaução e realocada com um método mais eficaz de fixação, a expectativa é de que, aliada à intensificação na segurança, a peça possa permanecer no local sem maiores problemas.
— Estamos intensificando o policiamento. Apesar da impossibilidade de deixar uma viatura 24 horas nas 667 praças da Capital, aumentamos a presença nas que possuem monumentos que precisam de uma atenção maior. A Praça da Alfândega recebe atenção especial pela importância histórica. Esperamos que essa medida diminua a incidência das tentativas de furto no local — afirmou o comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo do Nascimento Silva.
Ele destaca também que a Guarda conta com sistema de videomonitoramento que ajuda no trabalho de prevenção de furtos e de identificação de suspeitos. Assim, ele acredita que uma cobertura maior poderá ser dada às praças e aos parques.
Produção: Leonardo Martins