Os ônibus de Esteio, na Região Metropolitana, estão circulando com horários reduzidos desde o início da semana. A medida foi tomada pelo consórcio das empresas do setor, que alega dificuldade em arcar com custos operacionais, principalmente o do diesel, que serve de combustível para a frota.
Com isso, desde a última segunda-feira (9), os passageiros só estão conseguindo utilizar o transporte público na cidade em horários de pico: das 5h às 8h30min, das 11h às 14h e das 16h às 19h30min.
Segundo um representante do consórcio que não quis se identificar, as dificuldades financeiras se agravam porque a prefeitura ainda não efetuou aportes este ano. Em 2021, o município aplicou subsídios no transporte público que resultaram na diminuição da tarifa de R$ 4,20 para R$ 3,95 e, depois, para R$ 3,80. No entanto, a lei garantia os repasses até dezembro. Desde então, as empresas estão sem receber valores originários dos cofres públicos.
Os empresários estimam que a falta de aporte financeiro contribuiu para um prejuízo acumulado de mais de R$ 160 mil apenas de janeiro a março.
— Tivemos que fazer essa escolha para que fosse possível atender o maior número de dias nos horários de pico, os custos estão insuportáveis — alega o representante.
Novo aporte
A Câmara Municipal deve votar no fim da tarde desta terça-feira (10) um projeto que permite um novo aporte, com aumento de 130% em relação aos repasses do ano passado. O município afirma que as verbas representam o custeio integral das isenções tarifárias dadas a idosos, modelo semelhante ao do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados em âmbito federal. Nesse caso, o texto prevê que a União repasse R$ 5 bilhões aos municípios.
No entanto, as empresas ainda temem que o montante previsto não irá reverter o prejuízo a longo prazo.
— Se confirmar essa medida, esse valor girará em torno de 50% do necessário para resgatar o equilíbrio econômico financeiro do contrato. Poderá cobrir as despesas temporariamente, mas não será o suficiente — afirmou o representante do consórcio.
Em nota, a prefeitura de Esteio afirma que os problemas financeiros decorrem de decisões tomadas pela empresa, como o reajuste salarial dos funcionários: "Mesmo com a manutenção do cenário deficitário, empresas e sindicato dos rodoviários acordaram aumentos que impactaram em mais de 30% o custo da operação". O Executivo complementa que o aumento do preço dos combustíveis contribuiu para o cenário.
Atraso no salário de funcionários
Ainda em razão da crise financeira, funcionários receberam apenas metade do salário referente a abril. Desde sexta-feira (6) ocorrem audiências mediadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). As empresas chegaram a propor o envio de mais 20% do valor que falta, mas o acordo foi negado. Um novo encontro está marcado para esta terça-feira.
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de São Leopoldo, que também atua em Esteio, ainda avalia a possibilidade de greve. No entanto, ainda não há uma definição.