A novela Obras da Copa ganhou mais um capítulo nesta quarta-feira (29). A última família que vive no trecho por onde passa a duplicação da Avenida Tronco, na Capital, assinou com o Demhab o contrato para deixar voluntariamente a área. Desde que a obra começou – em março de 2012 –, 1.469 famílias já conseguiram mudar de endereço. E o número 1.470 será de Sandra Maria da Rosa, 67 anos, conhecida na região como Mãe Sandra do Bará. O terreiro de Sandra fica no mesmo espaço da casa. Ela credita este fator também a um dos motivos que a fizeram ser a última a deixar a área.
– Moro aqui há 42 anos. Então, também tem muita história envolvida. Foi uma conversa longa e tivemos ajuda de muitas pessoas nesse caminho. Agora, acho que estamos perto de um final feliz – comemora Sandra.
No espaço, além dela, vivem seus três filhos com as suas famílias. Achar uma área na região que abrigasse o grupo da mesma maneira e com o mesmo conforto tornou a caminhada ainda mais longa. Questões relacionadas ao terreiro também impediam que a mudança fosse para um ponto distante do atual. E foi no mesmo bairro Medianeira, cerca de duas quadras distante do espaço onde mora há quatro décadas, que Sandra encontrou a nova casa.
Com um acordo feito entre a família e o Departamento Municipal de Habitação (Demhab), integrante da Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária (SMHARF), foi possível unir os bônus-moradia e fazer a compra na mesma região. Cada morador afetado pela obra que concordou com o bônus recebeu cerca de R$ 79 mil.
– Tivemos uma alteração este ano que permite que as famílias unifiquem seus bônus-moradia. Antes, isso era limitado a dois beneficiários. Com a união dos valores, a família da dona Sandra conseguiu essa área próxima – explica o titular da SMHARF, secretário André Machado.
Boa parte das áreas com residências que precisavam ser reassentadas pelas obras da Tronco era ocupação de áreas verdes do município. Por isso, durante o processo, a Procuradoria-Geral Município (PGM) também atuou nos casos em que houve envolvimento do Judiciário. Conforme a PGM, foram 200 processos de desapropriação de imóvel e 16 reintegrações de posse. Também houve encaminhamentos para o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc).
No caso de Sandra, a reintegração de posse foi concedida pelo Judiciário. Mas, como houve acordo entre a família e a prefeitura, a ação não foi executada. Os ocupantes da área comprometeram-se a sair assim que estiverem com a posse dos novos imóveis, o que deve ocorrer em até cinco dias após a averbação das escrituras. Depois disso, a residência é demolida para o seguimento dos trabalhos de duplicação.
Atualmente, dos 6,5km da duplicação, 4,8km já estão em uso, o que representa 73% do traçado liberado ao tráfego. Os quatro lotes já têm algum tipo de pavimentação com asfalto, uns com mais trechos, outros com menos, mas todos já chegando nesta etapa da construção. Estão sendo investidos R$ 129 milhões na obra. A construção atingiu 55% de execução nos lotes 1 e 2. E 75% nos 3 e 4, que são os que mais têm trechos prontos e em fase de conclusão, já na etapa de implantação da sinalização.
Um ano ainda pela frente
Conforme a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), 2021 foi o ano com melhor execução da obra. Durante a pandemia, o processo ficou bastante lento em razão da paralisação do Judiciário, que afetou os acordos entre famílias e prefeitura. Entre idas e vindas, os trabalhos da Tronco começaram em 2012 e pararam em outubro de 2016 por falta de recursos. Depois, os serviços foram retomados novamente em junho de 2018 e outra vez suspensos em julho de 2019. A última retomada foi em fevereiro de 2020.
A previsão de entrega da duplicação é para dezembro de 2022, ou seja, daqui um ano.