Depois de entregar à Câmara Municipal o projeto que cria um Plano Diretor para o Centro Histórico, a prefeitura de Porto Alegre prepara agora um projeto específico para o 4º Distrito. O programa de revitalização da região incluirá mudanças nas regras urbanísticas, investimentos do município e medidas de incentivo ao desenvolvimento.
Composta pelos bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Farrapos e Humaitá, a região já foi uma potência industrial, mas viveu uma debandada de fábricas e moradores na segunda metade do século passado. O vice-prefeito Ricardo Gomes ainda não revela detalhes do plano, mas afirma que o objetivo será gerar ativação econômica e do comércio na região e atrair um bom contingente de moradores.
— É uma das regiões de menor densidade da cidade e, ao mesmo tempo, tem muitos equipamentos urbanos, tem asfalto, tem praça, acesso a escolas, a hospital. O 4º Distrito tem condições de ser muito mais adensado — diz Gomes.
Uma das propostas mais polêmicas do programa do Centro Histórico, a ideia de tirar o limite de altura dos edifícios não é descartada para o 4º Distrito, mas Gomes lembra que, em boa parte da região, o cone de aproximação do aeroporto Salgado Filho impede grandes modificações.
— Existem outros exemplos, no mundo inteiro, de bairros que obtêm uma densidade maior sem que tenha prédios necessariamente mais altos — pondera o vice-prefeito.
A discussão envolve boa parte das secretarias da prefeitura, incluindo a de Obras e Infraestrutura (Smoi), Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e Planejamento e Assuntos Estratégicos (SMPAE). Antes de ser enviado à Câmara, há um rito a ser seguido, que inclui apresentações ao Conselho do Plano Diretor e consultas públicas. Segundo o vice-prefeito, o projeto deve ser entregue ainda neste ano para apreciação dos vereadores e ir para votação no primeiro semestre de 2022.
Projeto da Farrapos
Em junho, a prefeitura de Porto Alegre divulgou que um projeto da Avenida Farrapos, uma das principais vias do 4º Distrito, foi selecionado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento para receber um investimento de R$ 1,3 milhão a fundo perdido — ou seja, não precisará ser devolvido.
As melhorias devem ocorrer do Viaduto da Conceição até a Rua Teodora, em um trecho de aproximadamente cinco quilômetros. Gomes destaca que a principal ideia é substituir o corredor de ônibus, presente em boa parte da avenida, por outras alternativas que ainda estão sendo estudadas, como faixa exclusiva para ônibus. O equipamento que existe hoje é visto como uma barreira que contribuiu para a segregação e o empobrecimento da região. A Smamus está trabalhando na elaboração desse projeto urbanístico.