Duas semanas após anunciar seu fechamento, o Lagom Brewery & Pub já tem um novo dono. O bar, localizado no Bom Fim, em Porto Alegre, foi comprado por alguém que o frequenta desde sua abertura, conhece-o como poucos e o venera como um pedaço importante de sua própria história. Bernardo Mold, 30 anos, um dos clientes mais fiéis do estabelecimento, recebeu as chaves do seu mais novo negócio na última segunda-feira (31).
— Eu não podia deixar esse lugar morrer. Aqui é minha segunda casa, não só minha, mas de toda uma comunidade. Tentei até o último momento convencer os antigos donos a ficarem, mas não teve jeito. Então, falei: “Vou manter o boteco!” — conta o empresário.
A história dele com o Lagom começou em 2010, quando o bar, um dos primeiros do país com fabricação interna de cerveja, abriu as portas. Frequentando o local ao menos três vezes por semana, ele ficou amigo dos então donos do pub. Com o tempo, a relação só se estreitou e Bernardo tornou-se um cliente diferente: ajudava a servir as pessoas, cobrar as comandas e até a lavar os copos.
— Muita gente achava que eu também era dono do bar, porque eu ficava atrás do balcão em vez de sentar para beber — conta, aos risos.
O sonho de ser um dos proprietários foi crescendo e ele quase entrou no negócio em duas outras ocasiões, que acabaram não vingando. Desta vez, comprar o Lagom era ainda mais importante para evitar o fechamento do lugar onde tomou o primeiro gole de cerveja artesanal, conheceu grande parte dos seus amigos e participou centenas de vezes do Clube da Segunda — dia especial em que o pub oferecia uma surpresa aos clientes, como um prato que não estava no cardápio.
No início desta semana, Bernardo assumiu o bar. A ideia do empresário — que também é dono de uma creperia, de uma marca de marmitas congeladas e de um café — é manter o Lagom como sempre foi, com alguns detalhes a mais. Além das tradicionais cervejas, ele pretende oferecer um drink do dia e doses de destilados. As pizzas artesanais devem seguir, assim como a playlist de rock. Quadrinhos com a história do pub estão sendo pintados por artistas e devem decorar as paredes do local nos próximos dias.
Para Nicolai Poletto, 38 anos, um dos ex-sócios do Lagom, é positivo o fato de alguém tão próximo ter assumido o ponto. Ele afirma que vai continuar indo ao bar para beber com os amigos, com um motivo extra:
— Já falei para o Bernardo que vou colocar mais uma cláusula no contrato: antigos donos têm desconto vitalício na cerveja — diverte-se o engenheiro de Controle e Automação, que voltou a atuar na área. — Brincadeiras à parte, essa mudança vai fazer bem ao bar, que seguirá vivo — conclui.
Com 12 torneiras de chope, o Lagom fica aberto de quinta a sábado e às segundas-feiras, das 18h às 23h, na Rua Bento Figueiredo.