A reabertura dos shopping centers de Porto Alegre empolgou os lojistas, mas ainda não seduziu completamente os consumidores. Nos maiores centro comerciais da Capital, a antevéspera do Dia dos Pais foi de movimento baixo nas primeiras horas da tarde desta sexta-feira (7), com aumento no início da noite.
Sob controles sanitários que abrangiam da medição de temperatura ao álcool gel, Praia de Belas, BarraShoppingSul e Iguatemi começaram a receber os clientes a partir do meio-dia. Sorridentes, os vendedores aguardavam na porta pelas visitas que tardaram a aparecer. Na maioria das lojas havia cartazes de boas-vindas, mas muitas têm restrição de acesso. Em algumas, o atendimento é na entrada.
— Tem bem pouca gente, achei que ia encontrar mais. Mas me sinto segura. Fiz as compras em total segurança — afirma a aposentada Sôna Rousselet, sentada num dos bancos do Praia de Belas.
Perto dali, a gerente Caroline Vargas estava contente com o movimento. À frente de uma loja de acessórios para aparelhos mobile, ela dizia já ter atendido umas 10 pessoas em menos de duas horas desde a reabertura
— As pessoas estão voltando aos poucos. E o valor das vendas está bom — comemora.
Embora estratégica para os empresários por visar as vendas para o Dia dos Pais, uma das datas festivas de maior receita do setor, a reabertura dos shoppings ocorreu um dia após a Capital bater recorde de ocupação nas UTIs.
Em geral, os corredores estavam com poucas pessoas e as lojas, sem filas. As raras exceções eram as empresas de telefonia e os caixas eletrônicos, onde os clientes aguardavam enfileirados do lado fora.
Alguns lojistas reclamaram da permissão para volta ao funcionamento ter ocorrido somente na antevéspera do Dia dos Pais. A queixa geral era de que a maioria das famílias já havia feito compras pela internet.
— A gente só soube ontem de noite (quinta) que poderíamos reabrir. Se essa decisão tivesse sido tomada no início da semana, seria melhor. Até agora, atendi quatro ou cinco clientes — afirmou Cristiane Scherer, gerente de uma loja de moda masculina.
Apesar da liberação pela prefeitura, muitas lojas preferiram permanecer fechadas, sobretudo nas praças de alimentações. Os estabelecimentos só podiam operar com entregas, sem permissão para consumo no local. Todavia, havia clientes consumindo lanches nos bancos centrais e nos corredores. Pais e mães também permitiram que crianças circulassem sem máscara, desrespeitando as regras de distanciamento social.
Com o entardecer, a movimentação aumentou. De máscara e luva de borracha em uma das mãos, o advogado Almoré Cavalheiro, 89 anos, subia uma das escadas rolantes do Iguatemi mantendo prudente distância dos demais consumidores. Acostumado a frequentar o shopping para ir à farmácia, ele se surpreendeu com a súbita proliferação de pessoas.
— Nem sabia que estava tudo aberto. Vim para ir ao banco e na farmácia e deparei com esse povo. Foi uma surpresa. Se soubesse que estava assim, não tinha vindo — comentou.
O desconforto de Cavalheiro contrasta com o entusiasmo da advogada Giovana Vieceli. Grávida de oito meses e ao lado da filha Lívia, de quatro anos, ela aproveitou a reabertura para voltar a fazer compras após mais de dois meses de quarentena.
— Acho absolutamente seguro. Fiquei em casa o tempo inteiro e todos pegamos covid: eu, minha filha e meu marido, que era o único a sair para ir ao supermercado. Espero que agora (o shopping) não feche mais — salientou.