Definida em votação que teve 31 votos a favor e quatro contrários, o processo de impeachment contra o prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan foi aberto na tarde desta quarta-feira (5).
Entre os argumentos dos que se mostram contrários ao processo, estão o cenário caótico causado pelo pandemia e a aproximação das eleições municipais.
Um dos quatro parlamentares que votaram contra a abertura do processo, o vereador Ramiro Rosário (PSDB) classificou a decisão da Câmara como uma jogada eleitoral:
— Está mais do que claro: estamos a 45 dias de começar processo eleitoral e esse pedido foi feito inclusive por pessoas que vão concorrer. O governo terá condições de prestar contas a respeito dos pontos levantados. Importante reforçar que já houve um arquivamento de notícia-crime com basicamente as mesmas informações. Essa foi uma decisão política para tentar desgastar o governo nas vésperas das eleições — avalia.
O vereador Airto Ferronato (PSB) corrobora a opinião de Rosário:
— Sabíamos que teríamos uma votação bastante expressiva favorável a abertura, mas não imaginávamos que fosse com tantos votos assim. Se avaliarmos, este é o sexto processo de impeachment apenas nesse período de governo Marchezan. Respeito os votos, mas quem votou a favor da abertura hoje foram os mesmos vereadores que votaram contra nas outras cinco oportunidades. Por quê? Na minha visão, esses votos de hoje ocorreram porque estamos nos aproximando do momento eleitoral pré-campanha. Faltam pouco mais de quatro meses para o fim do mandato.
Além desse motivo, Ferronato também afirma que votou de forma contrária por acreditar que as atenções devem ser voltadas, neste momento, para a pandemia do coronavírus:
— Estamos vivendo um momento gravíssimo no mundo inteiro. Não é o momento de deixar de olhar a pandemia com a atenção que ela merece para nos dedicar a um processo de impeachment.
Além de Rosário e Ferronato, Cláudio Conceição (PSL) e Mauro Pinheiro (PL) também foram contrários ao processo.
O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha), Henry Starosta Chmelnitsky, diz que esse movimento político afeta a reabertura econômica de Porto Alegre. Marchezan e empresários estão discutindo propostas para flexibilizar as atividades. A expectativa era de que um plano fosse anunciado nesta quarta-feira, o que foi adiado devido à votação na Câmara
— Nós entendemos que nesse momento de pandemia, onde Porto Alegre precisa se reorganizar, reabrir suas atividades econômicas, e faltando poucos meses para as eleições, esse movimento político contradiz com os objetivos do nosso diálogo e da nossa busca de retomar a economia da cidade.