Correção: a taxa de isolamento em Porto Alegre caiu 32%, e não pela metade como informado entre 13h11min e 18h12min de 2 de junho. Nesta estimativa, considera-se apenas dias de semana. O texto foi corrigido.
Paradas de ônibus lotadas, calçadas repletas de pedestres e congestionamento nas ruas. Cotidiano antes da pandemia do coronavírus, esse cenário voltou a ser visto em Porto Alegre, e é comprovado nos números: de acordo com levantamento da prefeitura, baseado em mapas de calor e dados fornecidas pelas empresas de telefonia celular, o índice de isolamento social caiu na Capital.
Nos dias 24 de março, uma terça-feira, e 10 de abril, uma sexta-feira, foram registrados os maiores picos de isolamento social na Capital, 61%, levando em conta apenas dias de semana, segundo dados repassados pela prefeitura. Na última segunda-feira (1º), esse índice chegou a 41%, mostrando recuo de 32,78%.
As flexibilizações das atividades comerciais impactam diretamente nos percentuais, dados analisados diariamente pelos técnicos do executivo municipal. O aumento do movimento era esperado pelo secretário extraordinário de Combate ao Coronavírus na Capital, Bruno Miragem.
— Está sob controle. O índice de isolamento é analisado junto a outros fatores, como ocupação e leitos e número de contaminados — explica.
Com 40 mortes — escala considerada baixa, se comparado a grandes capitais brasileiras —, a tendência é afrouxar ainda mais as medidas proibitivas em Porto Alegre, segundo Miragem, em um decreto que deve ser publicado na próxima semana.
— Com os números que se tem hoje, de uma certa estabilidade dos leitos de UTI, não devemos retroceder em nada, e sim avançar mais nas liberações — justifica.
Quem sai de casa diariamente sente o aumento no fluxo.
— Na primeira semana dessa doença não tinha ninguém na rua, atendia só emergência, de quem me ligava. Agora já estou com a banca aberta — afirma o chaveiro Maurício Leffa, 47 anos, no bairro Sarandi.
No posto de combustíveis Phoenix, o faturamento cresce gradualmente, ainda longe do esperado, segundo o proprietário, Marcos Borges, 42 anos. Do quadro, 16 funcionários tiveram redução na carga horária, a partir de medida provisória publicada pelo governo federal. Outros dois foram demitidos.
— Vemos mais carros, sim, basta olhar, mas não está refletindo tanto na bomba — avalia.
De acordo com a prefeitura, nenhum dado dos usuários de telefonia celular — cerca de 2,5 milhões estão ativos em Porto Alegre — será divulgado. As informações foram adquiridas a partir de parceria com as empresas Vivo, Claro, Oi e TIM, que criaram um site exclusivo para a análise por parte do município, sem custos. Os mapas de calor são fornecidos pela Inloco, empresa de tecnologia e análise inteligente de dados de geolocalização.
O processo é coordenado pelas secretarias de Planejamento e Gestão e Extraordinária de Combate ao Coronavírus, com articulação e apoio da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa).