Os excessos cometidos na reabertura de bares e restaurantes em Porto Alegre na quarta-feira (20), a partir de liberação autorizada por decreto municipal, não passaram despercebidos para o prefeito Nelson Marchezan.
Na manhã desta quinta-feira (21), ele procurou o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha) para falar do desrespeito às determinações de distanciamento flagrado em alguns restaurantes. A prefeitura recebeu imagens de lugares com aglomeração de clientes.
— Alguns tentando recuperar os prejuízos de forma rápida podem estar levando ao fechamento de forma rápida dessa atividade de novo. Se a gente constatar que o setor como um todo tem gerado aglomerações e não está cuidando da forma que é necessária da proximidade dos clientes, teremos que tomar medida geral para todos os estabelecimentos — disse Marchezan a GaúchaZH nesta tarde.
O presidente do Sindha, Henry Starosta Chmelnitsky, disse que desde da manhã já conversou com associados sobre os episódios e que está marcada uma reunião de diretoria ainda para esta quinta-feira, da qual a entidade quer tirar uma lista de sugestões para entregar a Marchezan. O documento deve apresentar alternativas para o melhor cuidado de distanciamento dentro dos estabelecimentos.
— Vamos fazer essas sugestões e trabalhar com os associados. Estamos todos comprometidos. Não é interesse da sociedade, de ninguém, que as atividades fechem. É preciso se acostumar a viver nessa nova realidade. Não pode no primeiro dia que abriu tu pegar e fazer festa em restaurante, é inadmissível. E não é só o dono do restaurante, quem vai tem que ter consciência também. Mas ontem (quarta-feira, 20) aconteceu uma festa de aniversário. A sociedade tem que estar unida. Não podem querer que o prefeito ou o presidente do sindicato consigam controlar tudo isso — ressaltou Henry.
Com base em monitoramento de vários dados na cidade, o prefeito disse que ainda não é possível ter um mapa real do comportamento da população nestas primeiras 24 horas de vigência do decreto. Ele teve reunião nesta quinta-feira com o escritório de fiscalização. A ideia era reforçar os mapas, mas a chuva é fator que interfere na movimentação. As informações da empresa de tecnologia InLoco, que monitora 540 mil celulares na Capital, mostraram que o percentual de adesão ao distanciamento social na quarta-feira, dia de reabertura de bares e restaurantes, foi de 42%, contra 43% na terça-feira e 44% na segunda-feira.
— A gente não pode por causa de um local, de uma imagem, numa noite, tirar conclusão absoluta. É um fato a ser levado em conta, mas não pode ser referência para tomada de decisões em cidade de 1,5 milhão de habitantes. Mas conforme o comportamento dos próximos um ou dois dias, é possível que ocorra nova regulação de horários de alguma atividade e mais distanciamento — destacou o prefeito.
O decreto publicado pela prefeitura na terça-feira autorizou a liberação, com restrições, de bares, restaurantes, shoppings centers, academias de ginástica, museus, bibliotecas e igrejas.