O projeto da prefeitura que visa a reduzir a atuação de cobradores em ônibus da Capital, motivo de manifestações e divergências de opiniões, foi tema da entrevista com o Secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Mata Tortoriello, no Gaúcha Atualidade, na manhã desta terça-feira (10).
— Essa não é a transformação definitiva que o transporte merecia, mas nós temos de começar por algum lugar — explicou o Secretário.
De acordo com Tortoriello, a retirada dos cobradores é apenas uma das medidas para solução de problemas do transporte coletivo. Há uma série de projetos para modificações do transporte público na Capital.
Como exemplo, o Secretário citou as faixas exclusivas para ônibus, que estão sendo instaladas na Avenida Goethe. Os corredores já implementados nas avenidas Mostardeiro e Independência já proporcionam ganho médio de sete minutos no fluxo do trânsito, metade do tempo estimado anteriormente.
Questionado sobre a situação dos cobradores em caso de aprovação do projeto, Tortoriello afirmou defender uma “transição gradual", pois a ideia não é uma demissão em massa.
— É um processo passo a passo, não é uma ruptura nem uma mudança drástica. A nossa proposta defende a transição gradual da profissão dos cobradores — disse.
Cerca de 10% dos cobradores sai ano a ano das empresas, por motivos como falecimento, aposentadoria, troca de função ou pedido de demissão. Segundo Tortoriello, em caso de o projeto ser aprovado, a empresa não precisaria repor essas funções a cada saída.
Entre os assuntos, o Secretário também falou sobre a sugestão de um sistema baseado no modelo francês, que propõe às empresas o pagamento de R$ 100 por funcionário, ainda que este não utilize o transporte coletivo, para contribuir no custeio do transporte público.
Tortoriello ainda sugeriu a revisão de gratuidades em ônibus, que engloba, hoje, cerca de 30% das pessoas que utilizam o transporte público em Porto Alegre. Para isso, o Secretário afirmou ser necessária realização de estudos acerca do tema.
— O estudante de classe social mais baixa deve ter algum benefício, bem como o idoso que possui aposentadoria mais baixa. (A ideia é) Cobrar do estudante que pode pagar, cobrar do aposentado que pode pagar — defendeu.
As possibilidades de pagar as passagens de ônibus com cartão de crédito ou débito também surgiram durante a entrevista. O Secretário ainda falou sobre as obras do trecho 3 da orla do Guaíba, que fará com que a ciclovia fique temporariamente fechada.