Um grupo de rodoviários realizou, na manhã desta segunda-feira (9), protesto contra o projeto da prefeitura que prevê a retirada gradual de cobradores dos ônibus de Porto Alegre. Os manifestantes interromperam o fluxo em alguns corredores exclusivos para coletivos, o que provocou lentidão no trânsito em diversas vias da Capital.
Os pontos de concentração foram as avenidas João Pessoa, Osvaldo Aranha e Farrapos. Após saírem em caminhada, cerca de 30 manifestantes seguiram até o Paço Municipal, no Centro Histórico.
Por volta das 10h30min, o protesto foi finalizado. Foram cerca de três horas de manifestação.
A previsão é de que a proposta da prefeitura seja votada nesta semana pela Câmara dos Vereadores. O projeto desobriga os coletivos da cidade a circularem com cobradores entre 22h e 4h, além de domingos, feriados e dias de passe livre.
— Estamos intensificando nossos protestos. Somos contra esta proposta — disse o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stetpoa), Sandro Abbade.
Morador de Gravataí, o cobrador Osni Antunes Ribeiro afirmou que teme perder o salário que sustenta a família.
— Sou cobrador há 13 anos. Com 55 anos, é muito difícil conseguir outro emprego — afirmou.
O que diz a prefeitura
Em nota, o secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Tortoriello, afirmou que nenhum cobrador será demitido caso a proposta seja aprovada no Legislativo. "A ideia é que o profissional deixe de ser obrigatório em situações, dias e horários específicos, e em linhas com baixa demanda", diz.
Confira a nota na íntegra:
"Apesar de gerar queixas da categoria e alegações inverídicas de que a profissão acabará, está bem claro no projeto que nenhum cobrador será demitido! A ideia é que o profissional deixe de ser obrigatório em situações, dias e horários específicos, e em linhas com baixa demanda. A obrigatoriedade será retirada apenas em dias de passe-livre, domingos e feriados, das 22h às 4h, nas linhas com poucos passageiros. Ainda haverá qualificação profissional gratuita aos interessados que queiram aprender outras funções, preservando seus empregos.
Caso vire lei, o pagamento da tarifa será modernizado com a implantação do cartão de bilhetagem, com débito, crédito e outras formas eletrônicas. Se nada for feito, a certeza é que teremos um reajuste ainda maior em 2020, o que inviabiliza o sistema cada vez mais. Para nós, cuidar do transporte coletivo é pensar naqueles que mais precisam. Portanto, só se opõe ao projeto quem pensa somente nos interesses individuais, contra a coletividade de uma Porto Alegre mais conectada com o futuro.
Rodrigo Tortoriello
Secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre"